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Idiotas ou muito espertos
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Dois fatos desafiam a curiosidade de qualquer um na CPI dos
Bancos:
1) o almoço - no dia 14 de janeiro,
com a banda endógena indo para o
ralo e banquinhos indo à falência,
Chico Lopes almoçou com FHC, Pedro
Malan e outros técnicos da equipe
econômica.
Na versão oficial do Planalto, não
foram pronunciadas no almoço as palavras Marka e FonteCindam;
2) a reunião do acerto - diretores do
BC tiveram um encontro no dia 12 de
abril, em São Paulo, com Chico Lopes.
A versão oficial é que o objetivo era só
fazer uma "memória" da desvalorização do real.
Essa reunião não teria sido usada
para afinar os discursos nem para
montar uma versão palatável para a
CPI dos Bancos.
É claro que a versão oficial desses
dois episódios pode ser verdadeira.
Mas todos nós estamos liberados para
ficar com a pulga atrás da orelha.
Qualquer um tem o direito de perguntar o seguinte: o BC socorre dois
banquinhos, torrando R$ 1,5 bilhão, e
o presidente da República não fica sabendo?
Outra pergunta: os diretores do BC
reúnem-se com o ex-presidente da autarquia, acusado de vazamento de informações, e não combinam nada a
respeito de seus futuros depoimentos
na CPI?
É importante não prejulgar. Mas fica uma impressão de que o governo
julga os brasileiros, nós que pagamos
impostos, um bando de idiotas.
Por outro lado, só um presidente
perto da idiotia poderia conceber nomear para o BC alguém que joga R$
1,5 bilhão no lixo e não lhe diz nada
-mesmo que essa besteira tenha
ocorrido no dia em que os dois almoçaram juntos.
A CPI dos Bancos tem a missão de
mostrar qual é a versão correta: se há
no governo apenas um bando de idiotas ou gente muito esperta.
Salário mínimo a R$ 136. O aumento custará R$ 585 milhões neste ano à
Previdência, por conta dos 12,2 milhões de aposentados que ganham o
mínimo. É um terço do que foi torrado
para salvar Cacciola "et caterva".
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