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ESTOQUE DE PACIÊNCIA
Em discursos e improvisos de
frequência quase diária, Luiz
Inácio Lula da Silva tem pedido aos
brasileiros que tenham paciência.
Pesquisa Datafolha publicada no domingo indica que, decorridos seis
meses desde a posse, a paciência do
público parece longe de se esgotar.
O levantamento mostra o presidente estacionado em 42% de aprovação, desempenho semelhante ao de
Fernando Henrique Cardoso à mesma altura de seu primeiro mandato
(40%) e superior aos de Itamar Franco (24%) e Fernando Collor (34%).
Se a aprovação -expressa no percentual dos que consideram o governo ótimo ou bom- lembra a de
FHC, a desaprovação é menor. A administração Lula é avaliada como
ruim ou péssima por 11%. Eram 17%
no caso do tucano.
O quadro de percepção favorável ao
petista impressiona por conviver
com situação econômica amarga para amplos setores da população.
Em junho de 1995, FHC tinha para
exibir a relativa novidade da estabilização da moeda e um crescimento
econômico que garantiu aos mais
pobres acesso a inéditos itens de
conforto. O Brasil de Lula é o da fila
desesperada por uma vaga de gari.
Além do tradicional crédito de confiança dado aos presidentes no início
de mandato, outros dois fatores contribuem para explicar o conforto até
agora desfrutado pelo governo. O
primeiro é a figura do presidente.
Seu estilo de comunicação, similar
ao de apresentadores populares, caracteriza-o como "diferente dos outros políticos", atributo que boa parte da população considera -ao menos por enquanto- positivo. O segundo é o fato de as forças de oposição ao PT já terem passado pelo poder, o que difunde no eleitorado um
sentimento de carência de opções.
Iludido o público não parece estar.
A pesquisa revela que saltou de 31%
para 42%, em três meses, o percentual dos que apontam o desemprego
como o maior problema do país. A
preocupação com o tema é mais de
três vezes superior à despertada pela
fome, alvo do programa social de
maior visibilidade do governo Lula.
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