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ELIANE CANTANHÊDE
Ação e contra-reação
BRASÍLIA - Política é como nuvem, e o que está movendo as nuvens, os
partidos e as fidelidades políticas neste momento são as pesquisas e as
alianças dos adversários.
Ciro Gomes cresce nas pesquisas,
coloca Tasso Jereissati, ACM e Bornhausen no centro do furacão e balança o coreto (e o palanque) de Serra no PFL de Pernambuco.
Resultado: empurra a cúpula do
PMDB definitivamente para o colo
de Serra. Quanto mais o PFL está
com Ciro, mais a chance de o PMDB
manter o seu lugar ao sol em 2003 é o
tucano. Ou seja: é Serra ou Serra.
O PSDB também começa a botar as
barbas de molho. Tasso, principal
avalista de Ciro, já está contabilizando suas chances de assumir o controle
do PSDB e acabar com a decantada
hegemonia paulista no partido. A
turma tucana acha Serra muito chato, mas passa a dizer que, se ele é chato, Ciro é agressivo e intempestivo.
Michel Temer, Geddel Vieira Lima
e Moreira Franco, que andavam
cheios de exigências e mortos de medo de ficar a ver navios, ontem já se
mostravam valentes e confiantes.
Pelo menos da boca para fora, diziam que Serra tem um temperamento difícil, mas Ciro é explosivo;
Serra não é bom de palanque, mas
não mente como Ciro; se Lula é um
risco parlamentar (porque não agrega forças majoritárias, densas), Ciro
é um risco institucional (porque uma
fusão de "forças avulsas do conservadorismo", disse o líder Geddel).
Depois de semanas de apatia e insegurança na seara tucana, o que mais
se ouvia ontem era que "Serra não está morto". Os adversários estão ressuscitando o ânimo da candidatura
oficial. Agora, falta combinar com o
outro adversário: a crise econômica.
O pior que pode acontecer com Serra é, ao sabor do dólar, um dia ser governo e no outro não ser. Não dá para reinventar as parcerias, nem criar
outra realidade, nem mudar a identidade da candidatura. Serra é governo, tem de usar os bônus, desprezar
os ônus. Não adianta fingir que não
é. Ninguém acredita. Nem o eleitor.
As fichas estão dadas. Que cada um
jogue o jogo que tem.
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