São Paulo, domingo, 01 de setembro de 2002

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CARLOS HEITOR CONY

JK e FHC

RIO DE JANEIRO - Os adeptos e oportunistas do governo, incluindo o próprio presidente da República, volta e meia insinuam que JK tem em FHC um substituto do homem que deu nome a uma era.
Para simplificar: JK notabilizou-se pelo desenvolvimento que imprimiu a seu quinquênio. Suas obras aí estão, com os naturais desdobramentos do processo que iniciou: estradas, hidrelétricas, indústrias de base e de bens de consumo. A inflação que nasceu de tantas iniciativas ficou na base dos 30 e tantos por cento. Se analisarmos a relação custo-benefício, valeu a pena.
A única obra que FHC conseguiu teria sido o combate à inflação, a paridade com o dólar -duas conquistas reversíveis. Novamente o dólar subiu (e como!). A inflação, embora contida, se comparada ao valor dos salários ficaria mais ou menos na base deixada por JK. E, além do mais, é reversível também, de uma hora para outra pode descambar, cair e até ultrapassar os níveis da superinflação que nos ameaçava em 1994.
As obras de JK são irreversíveis, estão aí, complementadas ou não pelos seus sucessores. Ninguém pensa em desativar Brasília, desmontar a indústria automobilística etc. Geraram empregos durante a sua implantação, criaram uma euforia nacional que não mais se repetiu.
O combate à inflação, que se atribui ao Plano Real de FHC, custou e continua custando desemprego em massa, sucateamento de grande parte do parque industrial e violência urbana e rural em limites intoleráveis, além de uma altíssima taxa de corrupção.
Com o dólar nas alturas e a inflação rondando a economia, dando aqui e ali algumas bicadas no poder de compra da população, a pretendida eficiência do governo FHC se esboroa, sendo louvada apenas pelo Soros e pelo FMI, ao contrário de JK, que será sempre louvado pelo povo brasileiro.



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