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São Paulo, segunda-feira, 01 de setembro de 2003

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ENGATE GLOBAL

A presença de dois economistas de renome internacional no Brasil, na semana passada, mostrou que, para as principais questões externas, ainda não há consenso.
Albert Fishlow, brasilianista ouvido no governo FHC, e Joseph Stiglitz, Nobel de economia crítico do FMI e ouvido pelo ministro Palocci, participaram de debate no jornal "Valor". O desacordo é total na questão crucial: deixar ou não o FMI. Fishlow recomenda a renovação do acordo. Stiglitz prega o abandono da muleta controlada por Washington.
A questão é crucial para definir se o governo Lula vai tentar mudar o modelo econômico. Passada a crise de confiança, o longo prazo dependerá muito do ajuste externo a que se submeterá a economia brasileira.
Por coincidência, esse dilema estratégico para o país ocorre no mesmo momento em que a OMC (Organização Mundial do Comércio) mobiliza os governos para mais uma tentativa de liberalização global. Os ministros de Comércio se reunirão em Cancún na semana que vem.
Também nesse campo há decisões estratégicas a tomar. Stiglitz alerta para a irracionalidade da política econômica do governo Bush. E recomenda ao governo um ceticismo agressivo diante das promessas de liberalização comercial entoadas pelos governos dos países ricos.
Assim como falharam as propostas de liberalização financeira, também têm sido pífios os resultados da rodada multilateral de negociação comercial nos últimos anos.
A conjuntura econômica e financeira global continua difícil: apesar dos sinais de recuperação nos EUA, a União Européia continua fragilizada e a Ásia depende fortemente do mercado consumidor norte-americano. O país que é "dono do mundo" por supremacia militar impera também no campo econômico e comercial.
O engate global da economia brasileira depende do "mix" de decisões estratégicas no campo das finanças e do comércio. O governo Lula promete políticas industriais e alinha setores prioritários, mas o sentido do seu projeto surgirá apenas na medida em que se cristalizarem suas opções frente os EUA, ao FMI e à OMC.


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