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EXPANSÃO E RISCOS
O ritmo de expansão da economia brasileira no segundo
trimestre deste ano superou a maioria das previsões. O Produto Interno
Bruto (PIB) fechou o semestre em nível 4,2% superior ao observado em
igual período de 2003.
Sem dúvida alvissareira, uma recuperação da atividade econômica com
essa intensidade tem um precedente
próximo: no primeiro semestre do
ano 2000, o PIB brasileiro exibiu alta
similar, de 4,7%. As semelhanças entre os dois períodos vão além: na primeira metade de 2000, assim como
na primeira metade de 2004, o desempenho da economia esteve condicionado pelo fato de no ano anterior ter-se verificado marcante contração do mercado interno e expressiva expansão das exportações
-ambos movimentos influenciados
por "saltos" da cotação do dólar (no
início de 1999 e no final de 2002) e
por repiques significativos mas transitórios da inflação.
Logo, não é a primeira vez que se
observa a economia brasileira alcançar esse ritmo de expansão ao recuperar-se do "trauma" provocado por
uma maxidesvalorização cambial. A
principal questão que se coloca diz
respeito à possibilidade de sustentação do crescimento.
Todos sabem que a expansão de
2000 foi mutilada, em 2001, pela falta
de energia elétrica, e revertida nos
dois anos seguintes pela vulnerabilidade das contas externas. Quanto a
isso, a perspectiva de sustentação do
crescimento, hoje, é menos incerta.
Graças às chuvas e à racionalização
do consumo, o risco de falta de energia foi postergado. E, graças à alta
muito forte das exportações, as contas externas encontram-se em posição muito mais sólida.
Isso, no entanto, não chega a isentar a expansão da economia de riscos, embora menos agudos. O mais
evidente é o de que as autoridades subestimem o caráter incipiente da recuperação e, sobretudo, a necessidade de estimular uma reação mais forte do investimento -que se mantém
há mais de duas décadas deprimido,
limitando o potencial de crescimento da economia. Por isso uma elevação da taxa de juros básica, que novamente vem sendo aventada em nome
de metas muito ambiciosas de redução da inflação, seria indesejável.
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