|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EXTRADIÇÃO NEGADA
Faz sentido a opção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
por não extraditar neste momento
para o Chile o prisioneiro Mauricio
Hernández Norambuena, que cumpre pena de 30 anos de reclusão por
ter comandado o seqüestro do publicitário Washington Olivetto em dezembro de 2001. O Supremo Tribunal Federal decidiu por unanimidade
autorizar a extradição, mas cabe ao
Poder Executivo determinar quando
ela deverá ocorrer.
Existem no Chile duas condenações à prisão perpétua contra Norambuena, uma pelo assassinato do
senador Jaime Guzmán, em 1991, e
outra pelo seqüestro do empresário
Cristián Edwards, do jornal "El Mercurio", também em 1991. Norambuena era o chefe de um dos ramos
da FPMR (Frente Patriótica Manuel
Rodríguez), organização de extrema
esquerda que pregava a revolução socialista pelas armas, mas que acabou
se convertendo numa quadrilha que
praticava crimes comuns.
A manutenção ou não do seqüestrador no Brasil não tem impacto
maior no cumprimento de sua pena,
pois o Supremo condicionou a extradição à comutação das duas perpétuas em reclusão de 30 anos, em respeito à norma constitucional brasileira que veta a prisão por toda a vida.
Em termos diplomáticos, o adiamento da extradição não deverá provocar atritos. O Chile já deu indícios
de que, embora preferisse ver Norambuena preso em seu território,
não pretende transformar esse caso
num cavalo de batalha. No mais é
improvável que o Chile viesse a aceitar a comutação da pena de Norambuena, como exige o STF.
A decisão do presidente Lula funciona como uma sinalização: o Brasil faz questão de que as ofensas à lei
aqui cometidas aqui sejam reparadas. Se Norambuena fosse transferido para o Chile, ficaria a sensação de
que ele não estaria respondendo pelo
seqüestro do publicitário, mas pelos
delitos cometidos anteriormente.
Texto Anterior: Editoriais: EXCESSO DE CANDIDATOS Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: O trapézio de Lula Índice
|