São Paulo, terça-feira, 01 de setembro de 2009

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Editoriais

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Marina e sua agenda

A REPERCUSSÃO da entrada da senadora Marina Silva na corrida eleitoral deixa a impressão de um descasamento entre realidade e expectativas. Embora a aspirante ao Planalto, agora no Partido Verde, ainda tenha de provar-se viável eleitoralmente, setores da opinião pública tratam-na como se já representasse reviravolta no quadro sucessório.
Não é difícil explicar o paradoxo. Marina Silva granjeou respeito e admiração num conjunto de temas -o desenvolvimento sustentável- cujo apelo, apesar de crescente, ainda se concentra nas classes médias mais bem informadas, fração pequena, mas influente, do eleitorado.
É provável que a presença da senadora pelo Acre na disputa presidencial obrigue seus adversários a dar tratamento mais qualificado aos temas ambientais. Mas tampouco se pode deixar de reconhecer que todo partido ou organização representativa no Brasil de hoje já absorveu, a seu modo, a defesa do ambiente, pelo menos no discurso.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, por exemplo, defende o "desmatamento zero" nas florestas brasileiras. Tal penetração da plataforma outrora associada aos "verdes" enfraquece os contrastes entre Marina Silva e seus adversários.
O desafio da ex-ministra de Lula será, assim, alargar sua plataforma tradicional. A comparação entre seu histórico de sóbria retidão na vida pública e o descalabro ético de seu ex-partido, o PT, já rende à senadora um ativo eleitoral, mas isso não basta.
Marina Silva precisa mostrar-se capaz de intervir em outros grandes debates, da economia à política social, da Previdência aos gastos públicos, do aborto às drogas. Uma oportunidade lhe foi oferecida ontem: a aspirante do PV, como os outros políticos que almejam o Planalto, está convidada a expor o que pensa do modelo, proposto pelo governo petista, para a exploração de petróleo no chamado pré-sal.


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