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Editoriais
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Marina e sua agenda
A REPERCUSSÃO da entrada
da senadora Marina Silva
na corrida eleitoral deixa a
impressão de um descasamento
entre realidade e expectativas.
Embora a aspirante ao Planalto,
agora no Partido Verde, ainda tenha de provar-se viável eleitoralmente, setores da opinião pública tratam-na como se já representasse reviravolta no quadro
sucessório.
Não é difícil explicar o paradoxo. Marina Silva granjeou respeito e admiração num conjunto de
temas -o desenvolvimento sustentável- cujo apelo, apesar de
crescente, ainda se concentra
nas classes médias mais bem informadas, fração pequena, mas
influente, do eleitorado.
É provável que a presença da
senadora pelo Acre na disputa
presidencial obrigue seus adversários a dar tratamento mais
qualificado aos temas ambientais. Mas tampouco se pode deixar de reconhecer que todo partido ou organização representativa no Brasil de hoje já absorveu,
a seu modo, a defesa do ambiente, pelo menos no discurso.
A Confederação da Agricultura
e Pecuária do Brasil, por exemplo, defende o "desmatamento
zero" nas florestas brasileiras.
Tal penetração da plataforma
outrora associada aos "verdes"
enfraquece os contrastes entre
Marina Silva e seus adversários.
O desafio da ex-ministra de
Lula será, assim, alargar sua plataforma tradicional. A comparação entre seu histórico de sóbria
retidão na vida pública e o descalabro ético de seu ex-partido, o
PT, já rende à senadora um ativo
eleitoral, mas isso não basta.
Marina Silva precisa mostrar-se capaz de intervir em outros
grandes debates, da economia à
política social, da Previdência
aos gastos públicos, do aborto às
drogas. Uma oportunidade lhe
foi oferecida ontem: a aspirante
do PV, como os outros políticos
que almejam o Planalto, está
convidada a expor o que pensa
do modelo, proposto pelo governo petista, para a exploração de
petróleo no chamado pré-sal.
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