São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004 |
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De Caminha a Lula
JOSÉ CARLOS ALELUIA
Outro fato é que os investimentos de que o Brasil necessita dependem de capitais externos. Os surtos de desenvolvimento na década de 50 e início dos anos 60 e, depois, na década de 70 sustentaram-se no aporte de poupança externa. A fonte está secando. O Brasil, em vez de incentivar e acolher os capitais produtivos, cria um ambiente hostil. Carga tributária exorbitante, regras pouco claras e mutantes para os negócios, alto preço dos bens de capital, burocracia, corrupção. Esse elenco assusta e afugenta investidores. E tem mais: o nível educacional é precário, o da saúde idem, a infra-estrutura portuária, rodoviária e energética é deficiente. E a segurança pública um caos. Os investimentos privados são escassos e os investimentos públicos insuficientes. O que provoca um paradoxo. Se houver investimentos na produção e o país começar a crescer, o crescimento vai entupir logo ali adiante por falta de condições básicas de infra-estrutura. Dados da Fundação Getúlio Vargas revelam que o Brasil tem 47 milhões de pessoas vivendo na miséria. Outro fantasma a assombrar investidores. E o que torna tudo isso ainda mais paradoxal do que naturalmente já seria é que o empobrecimento da nossa gente vem recebendo uma forte contribuição do novo pai dos pobres, Luiz Inácio Lula da Silva. No Brasil, sob Lula e sob o Fome Zero, o número de pessoas que não ganham o suficiente para comer aumentou de 26,23% para 27,26% da população. Nas regiões metropolitanas o crescimento da miséria é impressionante. Passou de 16,6% para 19,14% da população. E o rendimento dos trabalhadores despencou 8% sob a batuta do PT. Enquanto isso, o governo exibe os números da área rural, em que, aí sim, houve melhora. É a tática de jogar poeira nas estatísticas e de tentar se apossar dos méritos do bom desempenho dos negócios rurais, para o qual contribui quase nada e ainda atrapalha, com uma confusa política agrária. O que o governo Lula faz e, pelo jeito, continuará a fazer é pôr cada vez mais gente na fila da cesta básica. Ajudar quem tem fome é necessário na emergência. Ma, o que um governo competente faz é retirar as pessoas da fila. É criar as condições para que as pessoas renunciem à caridade pública. Não há como resolver o desenvolvimento do nosso país sem uma efetiva distribuição da renda. Que se consegue melhorando as áreas de educação, de saúde e de infra-estrutura e criando um ambiente macroeconômico favorável aos investimentos, com as regras do jogo econômico claras, tributação e juros suportáveis, transparência e racionalidade na administração pública. Tudo o que o governo Lula não faz. José Carlos Aleluia, 56, deputado federal pelo PFL-BA, é o líder do partido na Câmara. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Carlos Eduardo Lins da Silva: A lógica do Colégio Eleitoral Próximo Texto: Painel do Leitor Índice |
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