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CARLOS HEITOR CONY
Bafio perigoso
RIO DE JANEIRO - Manchete de
ontem de um jornal: "A Copa é nossa". Tudo bem, é isso mesmo, a Copa do Mundo de 2014 será aqui
mesmo. Temos vontade e tempo
para preparar o torneio, dinheiro
há de se arranjar, afinal, um evento
mundial de tamanho porte é um desafio para obras de infra-estrutura
que transcendem o esporte e já
se tornaram dramaticamente necessárias.
Trens-balas ligando as principais
cidades brasileiras, principalmente
as do Sudeste -Rio, São Paulo e Belo Horizonte-, seriam prioritários.
Além de superinvestimentos na segurança, malha rodoviária, aeroportos, comunicações etc. A Copa
um dia acaba, mas a modernização
de importantes setores de nossa
realidade ficará.
Gostei de ver a foto da turma que
representou nossas cores em Zurique. Romário com aquele jeitinho
de quem acredita no que faz, Dunga
com um laço na gravata que aprendeu com o rabino Sobel, Lula cansado de guerra, mas dando para o gasto e pensando se ainda será presidente daqui a sete anos. Mas, acima
de tudo, o nosso mago de plantão,
que não embarca em canoa furada.
Paulo Coelho aprendeu a ler "sinais" -todas as coisas têm sinais, e
parece que só ele os entende e deles
tira proveito.
Tenho certeza de que ele não entraria na jogada se não estivesse em
importante missão esotérica. Ele
nem precisará fazer qualquer tipo
de bruxaria, bastam os eflúvios de
sua presença, sua química pessoal e
sua alquimia profissional para nos
dar a certeza de que a Copa, que já é
nossa, será mais nossa em 2014.
Em princípio, sou pessimista nato e naturalizado. Suspeito de qualquer alacridade antecipada. Senti
no noticiário de ontem ("A Copa é
nossa") um bafio temerário do "já
ganhou". Também não é qualquer
dia que pratico a temeridade de ressuscitar a palavra "bafio".
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