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CLAUDIA ANTUNES
A cidade vai bem, o povo...
RIO DE JANEIRO - Seria injusto dizer que é fácil administrar a cidade do
Rio de Janeiro, mas os 61% de aprovação alcançados por Cesar Maia na
pesquisa Datafolha que avaliou nove
prefeitos de capitais têm razões histórico-culturais que vão além dos méritos do alcaide carioca.
Passados quase 30 anos da lei que
determinou a fusão da Guanabara
com o Estado do Rio, a metrópole de
quase 6 milhões de habitantes, 41%
do total fluminense, ainda vive como
a cidade-Estado que foi até 1974.
Há um pólo petrolífero no norte fluminense, um centro industrial no sul,
bolsões de miséria no noroeste e na
Baixada. Mas o que acontece no município do Rio eclipsa todo o resto.
Com um detalhe: as áreas que costumam render más notícias para a cidade são de competência estadual,
enquanto a paisagem urbana, trunfo
inabalável, é da esfera da prefeitura.
O próprio Maia atribui sua boa
avaliação à comparação com os governos de Rosinha e Lula, ambos às
voltas com verbas escassas, insatisfação do funcionalismo e carências estruturais que se arrastam há anos.
Violência, tráfico de drogas? São
problemas do governo do Estado, dos
quais a administração municipal se
desvia com medidas como a terceirização de serviços públicos nas regiões
conflagradas. Chove muito e as línguas negras invadem as praias? A
culpa é da Cedae, a companhia estadual de água e esgoto. Também ficam na conta do Estado a imundície
persistente da baía de Guanabara e o
metrô que não avança.
Gestor orçamentário considerado
competente, Maia investe no mobiliário urbano, inicia as obras para o
Pan-2007 e corteja a zona oeste, onde
costumava ter menos votos. O resultado é que a cidade vai bem, mas a
população nem tanto. Quem precisa
sabe que os postos de saúde da prefeitura deixam a desejar e que muitas
mulheres pobres não conseguem trabalhar por falta de creches onde colocar os filhos pequenos. Não custaria
ao prefeito, que se congratula por ter
folga de caixa, investir mais em serviços que aparecem menos.
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