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FERNANDO GABEIRA
A crise como guerra
RIO DE JANEIRO - No discurso
de fim de ano, Gordon Brown pediu
aos ingleses um esforço de guerra
para enfrentar a crise.
Lula, por seu lado, pediu que os
brasileiros continuassem comprando, com responsabilidade.
Ressalva para evitar a euforia.
Mesmo assim são reações distintas diante de uma mesma crise. Explicam-se pelo distinto impacto nos
dois países. Para ficarmos na metáfora bélica de Brown, basta lembrar
que Londres sofreu mais que o Rio
durante a 2ª Guerra. Na crise, bancos e instituições financeira entraram em colapso na Inglaterra, o que
não aconteceu no Brasil.
Há, no entanto, um ponto em comum. Brown e Lula defendem investimentos públicos para dinamizar a economia e manter e, se possível, ampliar a oferta de empregos.
Isso, na Inglaterra, valeu um aumento da popularidade dos trabalhistas, reconciliando o partido com
grande parte de seu eleitorado.
O esforço britânico é mais complexo. Deve ser articulado com a
adaptação às mudanças climáticas.
A Inglaterra é um dos raros países
que cresceram reduzindo as emissões de gases de efeito estufa.
Obama encarna, de certa forma,
esse encontro de Keynes com a ecologia. Nova política energética,
abertura de milhares de empregos
verdes. Além disso, promete um nível mais alto de ética na política e
abertura para a participação, via
internet.
Será que todas essas tendências
acabam dando nas praias brasileiras em 2010? Impulsionar a economia, via estado, já é disposição de
Lula. Mas os candidatos à Presidência estão calados. Temem pedradas
prematuras.
As campanhas aqui são mais curtas que nos EUA. O silêncio prolongado dificulta a mobilização. Queremos mesmo tirar o processo eleitoral do conforto das poltronas
diante da TV? Basta seguir comprando ou podemos fazer mais?
Feliz 2009.
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