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Cabide de confiança
A proliferação de cargos comissionados é uma faceta do aparelhamento do Estado patrocinado pelo governo federal
A MULTIPLICAÇÃO do número de cargos comissionados na esfera federal é sintoma de um
antigo mal que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
só faz agravar -o uso de funções
públicas para alojar apaniguados
e acomodar interesses políticos.
A média mensal de abertura
dessas vagas, que era de 23,8 no
primeiro mandato, saltou para
54 a partir de 2007. De acordo
com números levantados pelo
Ministério do Planejamento, Lula herdou de seu antecessor
19.943 postos de livre nomeação,
e elevou-os a cerca de 23 mil.
Por mais que o ministério pretenda atribuir esta proliferação
às "reorganizações internas" e à
"criação de estruturas para suporte à expansão ou redirecionamento de atividades em diversos
setores", o palavrório não oculta
a escalada governista no aparelhamento da máquina pública.
Não é de estranhar o fato de as
sinecuras mais cobiçadas serem
reservadas principalmente a sindicalistas e militantes do PT -a
casta lulista que se reproduz à
sombra do Estado.
Os problemas não residem
apenas nas funções comissionadas. Vão muito além. É a própria
gestão das contas públicas que se
deteriora. As despesas do governo federal disparam e ganham
caráter duradouro, de difícil reversão, ao se concentrarem no
funcionalismo.
É verdade que o setor público
poderia ser melhor equipado e
que há áreas com deficiências de
recursos humanos -mas o que
se assiste nada tem a ver com a
gestão criteriosa das necessidades governamentais. É o apetite
político que comanda a irracionalidade das despesas.
A contribuição dada pela fórmula do economista John Maynard Keynes (aumento do gasto
público) para afastar a recessão
no ano passado parece ser interpretada nas fileiras lulistas como
um salvo-conduto para a gastança e o estatismo. Mais ainda ao
saber que neste ano eleitoral haverá elevação de receitas ocasionada pelo previsto aquecimento
econômico.
O Brasil não precisa nem de
Estado mínimo, nem de Estado
máximo. Precisa de Estado eficiente, capaz de gerir com zelo e
eficácia o dinheiro arrecadado da
sociedade para fornecer serviços
de qualidade e promover investimentos. Ao contrário disso, observa-se a administração perdulária dos recursos públicos num
quadro de sufocante carga tributária, infraestrutura deficiente e
dramáticas carências em áreas
cruciais como saúde, educação e
segurança pública.
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