São Paulo, quarta-feira, 02 de fevereiro de 2011

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Violência em queda

Rio surpreende com redução forte na criminalidade, cujas causas não se acham só na ação mais eficaz da polícia ou no desempenho da economia

A maior novidade das estatísticas paulistas e fluminenses de criminalidade para 2010 parte do Estado do Rio de Janeiro. Ali, pela primeira vez desde que se iniciou a série histórica (1991), o número de homicídios (4.768) ficou abaixo de 5.000. É a menor taxa já registrada, 29,8 mortes por grupo de 100 mil habitantes -e uma queda de 17,7% sobre o ano anterior.
São reduções significativas, que o governo fluminense atribui às Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) instaladas em favelas conflagradas da capital. O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, credita o sucesso ao progressivo abandono, pelas forças policiais, de uma lógica de confronto, em favor da prestação de serviços.
As cifras devem ser comemoradas, mas de maneira contida. A taxa de homicídios ainda representa o triplo do que a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica como limiar de violência epidêmica, 10 mortes por 100 mil. É tímida demais a meta de 22,9 por 100 mil para 2014, o ano da Copa.
São Paulo, em contraste, já havia se aproximado do limite da OMS nos anos recentes. Em 2010, logrou nova redução, mas pequena: de 10,96 por 100 mil, no ano anterior, passou a 10,48, o que sugere que se alcançou um piso.
O governo paulista aponta como causa para a queda a melhora na economia e no emprego, aliada ao investimento em segurança. Há certo reducionismo na explicação, assim como em atribuir só às UPPs os avanços obtidos no Rio.
Parece mais provável que todos esses fatores atuem em conjunto. A eles se aliam pelo menos outros dois: uma política pública bem sucedida (campanha pelo desarmamento) e a própria demografia.
Com a redução da fertilidade, os contingentes de jovens na população encolhem, limitando a oferta na faixa em que o crime recruta praticantes, aquela em que mais se mata e morre. Trata-se de janela de oportunidade para governos estaduais aprofundarem as políticas de presença atuante da polícia nas regiões afetadas e de combate à corrupção e à cultura de violência em suas próprias fileiras.


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