São Paulo, quarta-feira, 02 de fevereiro de 2011

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FERNANDO RODRIGUES

O tempo da política

BRASÍLIA - Por direito constitucional, o novo Congresso tem quatro anos para trabalhar em conjunto com a presidente Dilma Rousseff. Mas a história recente indica ser mais exíguo o tempo disponível.
Por costume e preguiça dos políticos, e sobretudo pela modelagem da democracia brasileira, só o primeiro ano dos mandatos é de fato útil no Poder Legislativo.
Embora os 12 meses iniciais estejam longe de representar um idílio entre o Planalto e o Congresso, é inegável o ainda baixo nível de envenenamento das relações políticas. O caminho se torna menos pedregoso na hora de enfrentar temas relevantes e polêmicos.
A presidente da República está fresca no cargo. Pode propor leis sem ser acusada de casuísmo. Não há restrições no calendário. O mesmo se passa com os congressistas. Já em 2012, tudo se contamina pelo processo eleitoral nas cerca de 5.600 cidades pelo país.
Daqui a 12 meses, o darwinismo político ditará a regras. Interesses paroquiais ganharão importância. Se hoje deputados e senadores se digladiam por cargos e por liberação de emendas ao Orçamento, em 2012 essa fisiologia miúda se torna dramática. Uma questão de sobrevivência. Muitos disputam as eleições ou apoiam candidatos a prefeito, os futuros e indispensáveis cabos eleitorais mais adiante.
Passado o pleito municipal de 2012, vem o hiato de 2013. Um ano sem eleições. Em tese, seria o momento das discussões de interesse para o país. As sempre faladas reformas política, tributária, da Previdência e dos direitos trabalhistas. Ocorre que as disputas nas cidades deixam feridas abertas. Perde-se metade de 2013 recompondo relações. Quando os machucados começam a dar sinal de cicatrização, a cabeça de todos estará em 2014 -e na sucessão presidencial.
Os congressistas e a presidente da República conhecem bem esse "tempo da política". Ou fazem algo agora ou tudo fica para 2015.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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