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CLÓVIS ROSSI
"Caminante, no hay camino"
BELO HORIZONTE - Quando aceitei
o convite do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais para um almoço, seguido de entrevista, com três
pesos-pesados da teoria econômica
no planeta, imaginava que talvez me
contassem qual é o caminho para o
desenvolvimento, caminho que o
Brasil parece ter perdido.
A velha cabeça de colonizado procura sempre nos gurus estrangeiros
(no caso, Douglas North, John Williamson e Joseph Stiglitz) os modelos
que os tupiniquins não andam colocando no mercado.
Respostas, eles até têm. Stiglitz vende a sedutora idéia de que o caminho
a seguir é o da China.
Williamson insiste no "Consenso de
Washington 2", a mais recente versão
do modelo dito neoliberal, posta em
circulação a partir de 2003 e que inclui uma forte pitada social, reconhecidamente ausente da versão original. Observei a Williamson que o já
não tão novo livro "Depois do Consenso de Washington" não fez o mesmo sucesso do anterior. Talvez pela
pitada social, que beneficiaria os que
estão virtual ou totalmente à margem do debate público.
Bem feitas as contas, quem ganhou
meu velho e desiludido coração foi
North, com sua enfática afirmação
de que não há tamanho único, universal e permanente, para o desenvolvimento (quando penso em desenvolvimento, penso em crescimento,
mas também em sustentabilidade e
em igualitarismo, sem o que não há
efetivo desenvolvimento).
Não há essa história de "one size fits
all", grita North, tão Nobel de Economia como Stiglitz.
Tudo depende das instituições que
cada país cria, e elas, por sua vez, dependem da história e das idiossincrasias de cada sociedade, se North me
perdoa pela simplificação.
Ou, para pôr poesia nessa história,
é como cantava o poeta socialista espanhol Rafael Alberti: "Caminante,
no hay camino; el camino se hace al
andar".
Pois é, Brasil, não está na hora de
pelo menos começar a andar?
@ - crossi@uol.com.br
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