São Paulo, domingo, 02 de abril de 2006

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CLÓVIS ROSSI

"Caminante, no hay camino"

BELO HORIZONTE - Quando aceitei o convite do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais para um almoço, seguido de entrevista, com três pesos-pesados da teoria econômica no planeta, imaginava que talvez me contassem qual é o caminho para o desenvolvimento, caminho que o Brasil parece ter perdido.
A velha cabeça de colonizado procura sempre nos gurus estrangeiros (no caso, Douglas North, John Williamson e Joseph Stiglitz) os modelos que os tupiniquins não andam colocando no mercado.
Respostas, eles até têm. Stiglitz vende a sedutora idéia de que o caminho a seguir é o da China.
Williamson insiste no "Consenso de Washington 2", a mais recente versão do modelo dito neoliberal, posta em circulação a partir de 2003 e que inclui uma forte pitada social, reconhecidamente ausente da versão original. Observei a Williamson que o já não tão novo livro "Depois do Consenso de Washington" não fez o mesmo sucesso do anterior. Talvez pela pitada social, que beneficiaria os que estão virtual ou totalmente à margem do debate público.
Bem feitas as contas, quem ganhou meu velho e desiludido coração foi North, com sua enfática afirmação de que não há tamanho único, universal e permanente, para o desenvolvimento (quando penso em desenvolvimento, penso em crescimento, mas também em sustentabilidade e em igualitarismo, sem o que não há efetivo desenvolvimento).
Não há essa história de "one size fits all", grita North, tão Nobel de Economia como Stiglitz.
Tudo depende das instituições que cada país cria, e elas, por sua vez, dependem da história e das idiossincrasias de cada sociedade, se North me perdoa pela simplificação.
Ou, para pôr poesia nessa história, é como cantava o poeta socialista espanhol Rafael Alberti: "Caminante, no hay camino; el camino se hace al andar".
Pois é, Brasil, não está na hora de pelo menos começar a andar?


@ - crossi@uol.com.br


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