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FERNANDO RODRIGUES
PT e PMDB, unha e carne
BRASÍLIA - O PT tem a Presidência da República, mas saiu desidratado
nos Estados em 2002. Ganhou apenas
governos periféricos, como Acre, Mato Grosso do Sul e Piauí. Juntos, esses
três só têm 3,19% do eleitorado nacional. É quase nada.
A idéia dos petistas lulistas é ampliar o número de governos estaduais
no ano que vem para, pelo menos,
dez. Querem manter em marcha os
sonhos hegemônicos da sigla e tornar
mais suave a tentativa de reeleição
de Lula em 2006 -um projeto ainda
para lá de aberto.
A peça central nessa estratégia é o
PMDB. Esse partido será convidado
a ser aliado do PT em até 22 Estados.
Só cinco ficam de fora: Acre, Bahia,
Distrito Federal, Rio de Janeiro e Rio
Grande do Sul.
O combustível dessa aliança tem
dois componentes. Primeiro, a ampliação máxima da fisiologia federal
nos próximos meses. Cargos e verbas
serão derramados pelo PT no colo
dos integrantes do PMDB no Congresso e nos ministérios. O segundo
item da fórmula será a mão-de-ferro
da cúpula petista federal sobre os
seus diretórios estaduais.
Petistas em Santa Catarina e Paraná podem tirar o cavalo da chuva.
Terão de engolir em seco e apoiar a
reeleição dos governadores Luiz Henrique e Roberto Requião, respectivamente, que são do PMDB.
Lula se convenceu de que cometeu
um erro ao não forçar alianças com o
PMDB no ano passado, em locais estratégicos como a cidade de São Paulo. Acredita que esse foi um dos motivos da derrota da Marta Suplicy. No
que depender de Lula, PT e PMDB
serão unha e carne em 2006.
Hoje, a direção nacional do PT faz
sua primeira reunião do ano com a
presença dos presidentes regionais
petistas de todos os Estados. Será o
primeiro passo para o enquadramento geral. Se vai dar certo, é outra história. O que é seguro é que o PT vai,
lenta e gradualmente, ficando cada
vez mais distante do partido fundado
no início dos anos 80.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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