São Paulo, segunda-feira, 02 de maio de 2005 |
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O item cor/raça no Censo Escolar
ELIEZER PACHECO
Além do mais, o processo de inclusão desse item ocorreu de maneira completamente democrática. No ano passado, visando à inclusão do item cor/raça no Censo Escolar 2005, o Inep organizou seminários para discutir e explicar como seria a coleta nas unidades escolares. Participaram desses encontros representantes de secretarias estaduais e municipais de Educação. A orientação era para que, a partir de 2005, as fichas de matrícula de escolas de educação básica contivessem espaços para a indicação autodeclarada da cor do aluno. Quem tivesse 16 anos ou mais declararia sua raça/cor e, quanto aos mais novos, os pais ou responsáveis responderiam. Para escolher os termos de classificação de raça ou cor, os técnicos do Inep tiveram o cuidado de ouvir grupos de movimentos sociais ligados à questão racial no Brasil. Foram consultados também representantes da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Encerradas as discussões, a equipe do Inep optou por seguir os critérios adotados pelo IBGE, que desde o censo de 2000 utiliza, nas pesquisas sobre cor e raça da população brasileira, os termos amarela, branca, indígena, parda ou preta. Segundo os critérios do instituto, o quesito é denominado de "cor ou raça", e não apenas de "cor" ou apenas de "raça", porque as categorias que engloba podem ser entendidas pelo entrevistado de forma bastante diversa. Quem responde "branca" não necessariamente está entendendo a qualificação como uma categoria de sua "raça", assim como quem responde "preta" -que, por definição, trata-se de uma categoria de "cor"- pode estar, no seu entendimento, respondendo a um atributo de sua "raça" ou origem racial, o que torna o assunto complexo. Ou seja, como a questão envolve elementos de atribuição de identidade e percepção, não se pode controlar objetivamente o que cada categoria representa subjetivamente para cada entrevistado -o que traz reflexos em sua resposta. Todas essas precauções foram tomadas a fim de que a coleta do dado cor/raça viesse qualificar ainda mais o universo de informações de que pesquisadores, educadores e gestores públicos já dispõem. Conhecer o Brasil é bom para a democracia e um direito de todos os brasileiros, que o governo federal não pode se furtar de garantir. Eliezer Pacheco, professor titular de história da Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, é presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC). @ - eliezer.pacheco@inep.gov.br Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Aloysio Nunes Ferreira: Fim de papo Próximo Texto: Painel do Leitor Índice |
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