RIO DE JANEIRO - As candidaturas de Fernando Gabeira, Jandira Feghali, Chico Alencar, Alessandro Molon e Solange Amaral, se confirmadas, darão ao senador Marcelo Crivella adversários fortes e decentes na campanha para a Prefeitura do Rio de Janeiro. Pode-se discordar mais ou menos de todos eles, mas suas trajetórias são respeitáveis, um quase-milagre no pantanal político carioca.
Com a repercussão desastrosa sobre sua tentativa de satanizar Gabeira por suas posições em relação ao aborto, à descriminalização da maconha e à união civil de homossexuais -que são de ordem moral/ religiosa e de âmbito federal-, o ex-bispo da Universal já sentiu que, se apelar para o preconceito, a maior vítima poderá ser ele próprio.
Habituado a falar ao eleitorado crédulo do interior e dos grotões, que o levou ao Senado no bonde do garotismo, Crivella se esqueceu de que falava ao pessoal da capital...
Mas tentar demonizá-lo por sua militância religiosa seria tão preconceituoso, demagógico e atrasado quanto o que ele tentou fazer contra Gabeira. A escolha será entre propostas e estilos para gerir uma cidade partida.
Como liberal radical independente legalista, sempre discordei de muitas teses, programas e práticas do PT, do PSOL e do PC do B, mas reconheço, como a maioria dos cariocas, muitas qualidades pessoais e democráticas em Molon, em Chico e em Jandira.
Além disso, espantosamente, são todos sérios, honestos e trabalhadores. Ou, ao menos, parecem.
Os cariocas, que já tiveram que "escolher" entre Rosinha e Benedita, agora terão uma ótima oportunidade para o debate e a mudança. Para sinalizar ao país a esperança de campanhas mais limpas e mais inteligentes do que as militâncias selvagens e a empulhação ideológica e religiosa.


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