São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Atenção senhores candidatos!

Os últimos dias foram marcados por notícias bombásticas no campo do trabalho. O IBGE revelou que o desemprego saltou para a casa dos 7,5%. O Seade registrou 20,4% de desempregados na região da Grande São Paulo. E a Associação Comercial constatou que 51% das famílias da cidade de São Paulo têm algum problema de trabalho afetando pelo menos um de seus membros.
É verdade que cada pesquisa mede um fenômeno diferente. Mas, por qualquer ângulo, o assunto é grave. O Ministério da Previdência indica que 60% dos brasileiros que trabalham estão na informalidade. São 42 milhões de brasileiros, deixando apenas 28 milhões (40%) com as proteções da CLT.
Se somarmos esses 60% a qualquer dos números de desemprego acima indicados, verificaremos que mais de dois terços dos brasileiros têm problemas no campo de trabalho -com sérios desdobramentos na vida social.
Até o momento, não vi nenhum dos candidatos à Presidência da República apresentar um plano coerente para atacar esse flagelo. É claro que a solução é difícil, e não há milagre a ser produzido. Mas eles terão de indicar o que farão nas áreas econômica, institucional e educacional.
Na área econômica, eles precisam explicitar medidas seguras para incentivar investimentos e para gerar empregos. De nada adianta ser a favor do emprego e contra a empresa. É preciso estimular as empresas a produzir, a crescer e a vender nos mercados interno e externo. Qualquer medida que venha a intranquilizar ainda mais os investidores e produtores agravará ainda mais o quadro atual.
Na área institucional, estou à espera de propostas de mudanças, nos campos trabalhista e previdenciário, que criem formas de contratação que aproveitem bem os talentos e as características dos trabalhadores brasileiros -sem onerar em demasia quem os contrata e sem transformar a contratação em uma bomba-relógio que vá explodir na Justiça do Trabalho.
Na área educacional, serão de utilidade sugestões concretas que explorem a enorme criatividade dos nossos trabalhadores, garantindo a eles um ensino de boa qualidade.
Nos três campos, há muito o que inovar. Por que não criar formas de contratação nas quais os mais velhos possam passar a sua experiência profissional aos mais jovens?
Por que não oferecer um bom estímulo às empresas que treinam e retreinam seus trabalhadores? Por que não colocar os bons programas de educação no horário nobre da competente televisão brasileira?
A questão do emprego é séria e precisa ser atacada em várias frentes. O povo está precisando de esperanças. É estranho que os candidatos tenham se mantido mudos em relação a esse assunto. Eles precisam se pronunciar, mas sem demagogia e com o máximo de realismo.


Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.


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