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São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Ataque à inflação
"Se formos esperar o governo brasileiro matar e esquartejar a inflação, iremos ao nosso próprio enterro -jamais ao da inflação. Desça do palanque, doutor Palocci. O país está estático, numa maca que já não suporta tanto peso."
Wilson Gonsalez (Garça, SP)

O governo e suas alianças
"Fico contente ao perceber que, na margem esquerda de nosso espectro político, há pessoas com capacidade de superar o que Lênin convencionou chamar de "doença infantil", que na esquerda brasileira assume a forma de um discurso sectário e distante do centro nervoso da discussão, ou seja, a questão nacional.
A história, como muito bem lembrou o líder do governo, tem cobrado e continuará a cobrar tal fatura."
Elias Jabbour (São Paulo, SP)
 

"Muito lúcido o senador Ramez Tebet ao expor seu ponto de vista contrário à punição dos mal chamados "radicais do PT" ("Tendências/Debates", pág. A3 de anteontem). Ele traduziu esplendidamente o sentimento de uma grande parcela dos eleitores do PT, que assistem, perplexos, a uma brutal mudança de opinião por parte dos políticos que elegeram. Pior ainda, os eleitos que se recusam a trair seus eleitores são ameaçados de expulsão do paraíso, cujos portões são controlados com mão-de-ferro pelos membros da alta cúpula do partido. Tudo, naturalmente, em nome das "bases".
Por fim, não há como discordar do senador quando diz: "Só os medíocres trocam de pensamento de acordo com as conveniências". Resta saber como será sua convivência com seus colegas do PT depois de se referir a eles desse modo."
Ronaldo L. N. Pinheiro (Curitiba, PR)

Políticos e bailarinas
"Com respeito ao texto "O governo e o poder", de Carlos Heitor Cony (Opinião, pág. A2 de ontem), vai a seguinte contribuição: no dia do jogo Brasil x Itália, em 1982, um repórter brasileiro perguntou a um torcedor italiano quem ganharia o jogo, ao que o segundo respondeu, sem titubear, que seria a Itália (como foi). O repórter replicou dizendo que os jogadores brasileiros eram os melhores. A tréplica do torcedor foi tão lacônica quanto surpreendente: "Tutti ballerine!".
Dá-se o mesmo com os políticos brasileiros: não passam de bailarinas; falta-lhes coragem, como assinalou Cony. O Brasil precisa mesmo, mantendo-se a analogia, é de Romários na política."
Abrahão André de Araújo (Brasília, DF)

Transações financeiras
"Senti-me honrado com a referência feita por Clóvis Rossi em reportagem enviada de Genebra (Brasil, 30/5, pág. A11), mas gostaria de precisar o seguinte: sou apenas um dos organizadores do movimento Attac (Ação pela Taxação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos) no Brasil, entre outros companheiros de núcleos existentes em vários Estados, e estou afastado das atividades do dia-a-dia porque assumi a função de assessor especial da Secretaria Geral da Presidência da República."
Carlos Tibúrcio de Oliveira (Brasília, DF)

O MST e as invasões
"O MST invade terras consideradas produtivas pelo Incra, depreda essas propriedades, assalta e saqueia fazendas invadidas, ocupa edifícios públicos, coloca sob a mira de armas os empregados dessas propriedades e familiares, lança ameaças de violência e mesmo de morte. Por que a CNBB e alguns segmentos da sociedade que apóiam um grupo particular, político e contumaz no desrespeito aos direitos constitucionais não lutam por uma reforma agrária dentro dos parâmetros da lei, num Estado de Direito?
A resposta é simples. Trata-se de um movimento que almeja chegar ao poder mediante uma revolução e implantar um regime socialista em nosso país, usando o desprezo pelas regras democráticas para formar militantes. O fato de alguém se apresentar como sem-terra não significa que possa invadir propriedades, depredá-las, saqueá-las ou ameaçar pessoas -numa palavra: que se situe "além do bem e do mal", como diria Nietzsche. Se são criminosos, que sejam presos, processados e cumpram as penas da lei."
Valdir de Córdova Bicudo (Curitiba, PR)

Saúde mental
"Em relação à reportagem divulgada pela Folha apontando suposta gafe presidencial ao chamar de loucos os portadores de transtorno mental (Brasil, página A12 de ontem), vale observar que o passo dado coroa uma política de saúde mental exemplar e extremamente afirmativa. Ao se dizer um pouco louco, o presidente não cometeu gafe, pois não tratou o louco como o "outro".
Gafe é o histórico atraso da saúde mental brasileira, que escondia tanto a loucura que nem era possível discriminá-la. Só um presidente "meio louco" pode, em tão pouco tempo de governo, abordar o tema com a urgência e o espírito revolucionário de que ele necessita."
Marcelo Veras, diretor do hospital psiquiátrico Juliano Moreira e presidente da Comissão de Saúde Mental do Estado da Bahia (Salvador, BA)

A favor do cigarro
"Admira-me um industrial e uma personalidade do calibre de Antônio Ermírio de Moraes fazer coro com os que combatem o tabaco (Opinião, página A2 de ontem). Primeiro, falando em poluição no título sem correlação no texto. Segundo, admitindo que a agroindústria do tabaco contribui para a arrecadação do governo sem elogiar o fato. É como dizer que a Embraer torra divisas sem enaltecê-la como excepcional exportadora, pois as gera em volume bem superior ao que gasta. Seu "mas não se pode desanimar" bem que se aplica aos que, como eu, usam um produto fabricado por uma indústria estabelecida, obtido pelo beneficiamento de folhas que até constam do brasão da República."
Bob Sharp (São Paulo, SP)

Universidade pública
"Em que planeta vive o ministro da Educação, que silencia em relação às aposentadorias em massa nas universidades federais, desestruturando importantes centros de pesquisa e devastando departamentos? Será o governo petista o coveiro da universidade pública?"
Orlando Tambosi, professor de filosofia e ética da UFSC (Florianópolis, SC)

Acidentes de trânsito
"O Brasil gasta R$ 5,3 bilhões por ano com acidentes de trânsito nas grandes cidades (Cotidiano, pág. C1 de ontem). Nem o governo federal nem os estaduais e municipais têm coragem politica para instituir definitivamente a inspeção veicular obrigatória, que tiraria das cidades do país milhares de sucatas. Também não têm coragem de reter os veículos de motoristas alcoolizados ou drogados (de nada adianta reter só a carteira de habilitação). Mas gastar R$ 5,3 bilhões por ano, tudo bem. A covardia alia-se à incompetência e à negligência."
Antonio Carlos Ciccone (Carapicuíba, SP)

Criminalidade e multas
"Parece que o secretário da Segurança de São Paulo já acabou com os graves problemas de segurança pública. Sua eficiência é tal que ele pode colocar à disposição da prefeitura da capital centenas de PMs só para coibir infrações simples de trânsito, que podem ser fiscalizadas por agentes civis a um custo muito menor.
Se há tanta vontade de usar a PM para fiscalizar o trânsito, por que não começar por aquelas atribuições que já são do Estado -por exemplo, infrações graves relativas à situação física e documental de veículos e condutores, que são as principais infrações cometidas por perueiros?"
Jaques Rechter (São Paulo, SP)


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