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FERNANDO RODRIGUES
"Christ Redeemer"
BRASÍLIA - Os jogadores da seleção brasileira de futebol entraram
ontem em Wembley carregando
uma faixa dizendo "Christ Redeemer". Pronuncia-se "Kraist Ri-dí-mêr". Em português, Cristo Redentor. É uma iniciativa da CBF de ajudar na campanha para transformar
a famosa estátua carioca em uma
das novas sete maravilhas do mundo. Esse é um caso curioso de unanimidade no Brasil.
Os tucanos José Serra e Aécio
Neves já foram ao Rio para abraçar
o Cristo. A petista Marta Suplicy está em campanha aberta. O governador fluminense, Sérgio Cabral, é do
PMDB e tem grande interesse no
assunto. Tudo num país cujo governo é laico, segundo palavras de Lula
ao papa Bento 16.
Nada contra o Cristo Redentor,
mas muito menos a favor de considerar a estátua de cimento e sem
graça como o elemento mais bonito
e significativo que o Brasil teria a
oferecer à humanidade. Esplendoroso ali é a vista, talvez uma das
mais belas do planeta.
Da estátua, a lembrança mais recente é de 2002, quando uma família de amigos suecos passou o Natal
no Rio. O odor de urina era infernal.
Ventava pouco e uma nuvem de
mosquitos devorou os visitantes
nórdicos. A vista, porém, era belíssima -a baía de Guanabara representaria melhor o Brasil como
exemplo de "maravilha" local.
Mas acabou sendo o Cristo. A votação na internet já começou
(new7wonders.com). Na semana
passada, Mario Garnero escreveu
um artigo exaltando o estado da
economia, mas arranjou um jeito
de recomendar o voto no Cristo.
Também está em curso uma votação no Conselho Nacional de Justiça a respeito da impropriedade da
ostentação de crucifixos em tribunais pelo país. Não dará em nada. As
cruzes ficarão onde estão.
O Brasil, como se sabe, é um país
com instituições laicas. "Graças a
Deus", dirão Lula e os brasileiros.
frodriguesbsb@uol.com.br
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