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CLÓVIS ROSSI
O PT na vanguarda. Do atraso
PARIS - Indecente. Pusilânime.
Vergonhoso. Que mais se pode
acrescentar a respeito do comportamento do PT no episódio José
Sarney? Xingar a mãe, não posso. É
proibido pela etiqueta desta página.
Mas seria o correto.
Não vou nem lembrar o passado
combativo do partido e de seu líder,
Aloizio Mercadante, em episódios
anteriores à chegada ao governo federal. Esse passado já foi sepultado
faz tempo.
Ajuda-memória: pelo episódio do
mensalão, o procurador-geral da
República, nomeado pelo presidente de honra do PT, um certo Luiz
Inácio Lula da Silva, acusou a cúpula petista de formar uma "quadrilha". O Supremo Tribunal Federal,
com o voto de ministros também
indicados por Lula, decidiu haver
indícios suficientes para aceitar a
acusação e proceder ao julgamento,
aliás em curso.
Fica claro que o passado de supostos campeões da moralidade
pública está morto e bem enterrado. Mas o presente podia ao menos
guardar um mínimo de coragem, de
vergonha na cara. Podia, por exemplo, defender Sarney pura e simplesmente, fosse qual fosse o argumento ou pretexto a utilizar: necessidade de não tumultuar o cenário
político, falta de elementos concretos para afastar o presidente do Senado -enfim, qualquer dessas desculpas que os políticos se habituaram a usar para serem coniventes
com trambiques.
O que não cabia é deixar de apoiar
Sarney mas apenas por 30 dias, que
foi o prazo dado pelo partido para o
afastamento do presidente do Senado. Tampouco cabia sugerir uma
comissão para uma reforma administrativa da Casa, sem menção a
punições pelas irregularidades já
descobertas e já confessadas.
Se algumas são legais, nem por isso deixam de ser todas vergonhosas, muito vergonhosas.
O PT fechou enfim um círculo:
passa de suposta vanguarda das
massas à cúmplice do atraso.
crossi@uol.com.br
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