São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2004

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PAGANDO DÍVIDAS

Embora tenha registrado uma diminuição do ritmo de aumento da inadimplência de pessoas físicas, a empresa Serasa -especializada em análise de crédito- detectou uma elevação de 1% dos endividados em atraso no primeiro semestre deste ano, em comparação com o igual período do ano passado. Em relação às pessoas jurídicas, o comportamento observado foi melhor: de acordo com a Serasa, a inadimplência caiu 16,6% ao se compararem os mesmos semestres.
Ao que tudo indica, a melhor capacidade das empresas de regularizar os pagamentos de suas dívidas está relacionada com o reaquecimento da economia, depois de uma fase de fortes restrições. Além disso, muitas delas promoveram ajustes e conduziram renegociações com fornecedores e credores.
O quadro, no entanto, embora menos restritivo, ainda inspira cautela. Elevação da carga tributária, aumentos de tarifas e preços administrados acima da inflação e, sobretudo, a persistência de altas taxas de juros tendem a continuar dificultando a regularização dos débitos.
Nesse sentido, a análise veiculada na última ata do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) adicionou uma dose de preocupação ao cenário, que, mesmo sendo de relativo alívio, ainda está longe de apresentar uma situação consolidada e estável de expansão econômica, notadamente no que se refere ao mercado interno. Mesmo que a economia venha a crescer dentro do previsto para este ano, ou seja, de 3,5% a 4%, as condições para tomar crédito e saldar compromissos permanecem difíceis.
De fato, ainda se mostram excessivamente elevadas as taxas e "spreads" praticados pelas instituições financeiras, mesmo considerando que declinaram em resposta às reduções da Selic iniciadas em meados do ano passado e interrompidas desde maio deste ano. As perspectivas quanto a uma alteração desse cenário não parecem ser das mais auspiciosas, considerando que o BC, temendo a inflação, já admitiu claramente que poderá voltar a elevar a taxa básica de juros.



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