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ELIANE CANTANHÊDE
Juntando os cacos
BRASÍLIA - Lula preside hoje a
primeira reunião do conselho político do governo, com ministros e líderes da base aliada, depois da vaia
a Lula no Pan, da explosão em Congonhas, do "top top top" de Marco
Aurélio Garcia e da troca de Waldir
Pires por Nelson Jobim na Defesa.
Se o mensalão acabou com a
crença de que o PT e Lula eram "diferentes", a vaia e o acidente atingiram ambos numa área que jamais
foi o forte deles: a da gestão, da eficiência. A explosão do Airbus iluminou a absoluta inércia diante de dez
meses de caos aéreo.
A vaia e o acidente bateram no fígado do presidente, por mais que as
pesquisas não registrem o golpe em
sua popularidade. Lula ficou acuado, temeroso, sumiu em meio às
chamas e ressurgiu na posse de Jobim com um discurso inacreditavelmente inapropriado, alegrinho e
recheado de gafes.
O efeito na imagem do governo e
de Lula, especialmente entre os
mais bem informados, ocupará boa
parte do tempo da reunião de hoje
no Planalto -a primeira também
depois do recesso parlamentar.
Outro dado político importante é
a entrada em cena de Jobim, que
sonha em disputar a Presidência
um dia e que ocupa um claro vácuo
de quadros e de candidaturas no PT
e no seu próprio partido, o PMDB.
Jobim já está se mexendo com incontrolável desenvoltura. Além de
esfregar na cara do PT sua intensa
ligação com Serra, um dos dois
principais candidatos oposicionistas em 2010, ele aparou arestas
num almoço ontem com o presidente do PMDB, Michel Temer, e já
marcou uma reunião dos que contam no partido. Com Sarney mais
conselheiro do que líder de fato e
com Renan gravemente ferido, habilita-se a ter forte liderança no
maior partido, inclusive como principal interlocutor do Planalto e das
oposições.
O semestre político está começando e promete calor. Um bom
teste será a CPMF.
elianec@uol.com.br
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