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PAINEL DO LEITOR
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Bolsa Família
"Eu gostaria de saber do presidente Lula quantas famílias inscritas no Bolsa Família têm renda entre R$ 70 e R$ 140 mensais ou são
realmente extremamente pobres.
Se até um gato já foi beneficiado,
posso imaginar o tamanho das falhas no controle do acesso ao benefício. O Bolsa Família tem seus méritos, afinal o Brasil é um país com
milhões de brasileiros abaixo da linha de pobreza. Deixar o povo passar fome não dá. Mas as falhas do
Bolsa Família consomem dinheiro
público. Por outro lado, receio que o
acesso ao dinheiro, pela forma assistencial, se cristalize em detrimento do acesso ao dinheiro por
meio da educação e do trabalho, não
porque o povo vai se acomodar, mas
porque o político se acomoda nas
fórmulas que o mantêm no poder.
Portanto, senhor presidente, o cidadão que aponta as fragilidades do
programa não é imbecil. É lúcido."
ELIANA BIANCO (São Paulo, SP)
Intolerância
"As recentes manifestações de indignação ocorridas nesta semana,
aqui, no "Painel do Leitor", me provocaram certa preocupação com relação ao nível de tolerância intelectual dos consumidores deste jornal.
É que, em três casos distintos, porém correlatos, a repercussão assumiu dimensão desproporcionalmente bem maior do que o fato.
O primeiro, a piada de Danilo
Gentili via Twitter na madrugada
do fim de semana passado. Pode-se
gostar ou não, e até acusá-la de infeliz. Porém tachá-la de preconceituosa, submetendo seu autor ao policiamento reservado ao tipo penal
que define esse delito, me parece
hipocrisia demais. O segundo caso
refere-se à repercussão do texto
"Deixem Jesus em paz", de autoria
do Juca Kfouri. Neste, inclusive, me
parece até que o colunista agiu em
defesa da religiosidade, reservando-a à solenidade e ao ambiente que
lhes são devidos e propícios. O último fato consiste na negativa de Ziraldo em criticar José Sarney, em
respeito óbvio aos laços de amizade.
Também não gosto do Sarney, mas
será que, por isso, todos são obrigados a compartilhar comigo a mesma opinião? E ninguém pode ser
amigo do homem? Nos dias atuais,
ouso afirmar que a tolerância seja
talvez o principal alicerce da democracia moderna. Não nos esqueçamos da dureza do caminho trilhado
para se chegar até aqui."
FRANKLYN GALLANI (São Paulo, SP)
Psicóloga
"Fiquei abismado com a decisão
do Conselho Federal de Psicologia
em punir Rosângela Justino por estar exercendo a profissão que escolheu (Cotidiano, 1/8). Se alguém pode ter o direito de ser homossexual, deve ter o direito de deixar de
ser, escolhendo um profissional
adequado para ter atendimento. O
que o conselho está fazendo é uma
intromissão na vida pessoal de todos, paciente e terapeuta, e na vida
profissional da psicóloga, que tem o
direito inalienável de trabalhar. E,
mais ainda, o de pensar por si própria. O sujeito que falou em nome
do Conselho Federal de Psicologia
e quem pensa como ele jamais poderá criticar a Inquisição. É como
se alguém quisesse me punir, como
advogado, por defender que um casal não se divorciasse, ou punir um
fonoaudiólogo por pretender que
um surdo passasse a ouvir. Acho
melhor o conselho ir se aconselhar
e repensar sua postura ou, melhor
ainda, buscar ajuda. Comportamento cretino e de má-fé."
NEREU PEPLOW (Curitiba, PR)
Gripe
"Como estudante prejudicado
pelo adiamento de aulas, gostaria
de expressar a minha reprovação à
atitude tomada por várias escolas
interioranas que adiaram o retorno
às aulas em cidades em que nem sequer houve confirmação de casos
da gripe H1N1. Além da dificuldade
para repor as aulas, atitudes mal
pensadas como esta causam pânico
e "aumentam" o problema. Problema que tem o mesmo tamanho, ou,
tomando-se como base o número
de mortes diárias, é bem menor do
que a gripe comum. É pena que, justo quando os educadores podem
mostrar que é possível tomar as rédeas da nova gripe por meio da instrução, eles fogem da raia."
BRENO LEVÍ CORRÊA (Campo Belo, MG)
Política
"Em nosso país fala-se muito em
eliminar a corrupção, mas os fatos
constantemente desmentem essa
intenção. Carlos Drummond de
Andrade disse: é fácil falar em nome
do povo, ele não tem voz. E um dos
maiores políticos brasileiros, desabafou: metade dos meus homens de
governo não é capaz de nada, e a outra é capaz de tudo. Não foi o Lula
não, foi Getulio Vargas -embora
continue muito atual."
JOÃO HENRIQUE RIEDER (São Paulo, SP)
Caetano
"Não entendo como ainda tem
gente que consegue enxergar alguma coisa, digamos, "artística", em
Caetano Veloso. Já faz pelo menos
uns 15 anos que não ouço e nem
compro nada que esse indivíduo
produz. Quando o comparo com
outros astros, tais como Lou Reed,
Mick Jagger e mesmo Bob Dylan,
reforço a minha convicção de que
fiz um bem danado em ignorá-lo."
ORLANDO F. FILHO (São Paulo, SP)
"Os missivistas que escreveram
para criticar Caetano, acusando-o
de se aproveitar de uma amizade
para receber dinheiro público via
Lei Rouanet, por se tratar de artista
consagrado, se esquecem que existem muitos artistas consagrados e
ricos, principalmente na classe artística paulista, que também recebem altas somas de dinheiro público e com muito mais facilidade, pois
fazem parte de uma elite que acha
que só eles, do Sudeste, são mais capazes. Por que só Caetano não pode
receber? É proibido proibir."
GRIMA GRIMALDI (São Paulo, SP)
Vale Cultura
"Ao fazer sua crítica ao Vale Cultura, programa que deverá ser implantado pelo governo federal e que
pretende proporcionar aos trabalhadores R$ 50,00 mensais para
gastos com cultura e lazer, o polêmico e enviesado Gilberto Dimenstein (Cotidiano, 26/7) se perdeu em seus próprios argumentos. Começa por dizer que o programa "significa mais plateia aos artistas. Para
os empresários, a chance de agradar a seus empregados e, ainda por
cima, abater do imposto; para os
trabalhadores, mais um benefício".
Contudo, em vez de elogiar a iniciativa, classifica-a como eleitoreira.
O Vale Cultura também foi duramente criticado pelo colunista por
achar que a população gastará os
R$ 50,00 mensais "em espetáculos
de alto impacto popular, mas com
baixo teor educativo -livros de autoajuda, filmes de comédia ou
shows de música sertaneja ou pagode". O que quer o articulista? Que o
governo seja discricionário em relação aos espetáculos e obras que
poderão se beneficiar? Quer privar
os trabalhadores de usarem o Vale
Cultura nos espetáculos e livros
que gostariam de ter acesso? Parece-me autoritário, para dizer o mínimo, opinar pelo trabalhador brasileiro em quais espetáculos ele deve utilizar seu Vale Cultura e aproveitar o seu pouco tempo de lazer.
Deixemos que ele e sua família decidam como preferem se divertir!"
MURILO HENRIQUE MORELLI (São Paulo, SP)
Poupança
"Como forma de repúdio ao lobby
do Ministério da Fazenda e do Banco Central contra o pagamento de
indenização aos poupadores dos
anos 80 e 90, devemos lembrar que
Henrique Meirelles e Guido Mantega deverão ser candidatos nas
próximas eleições. Por que eles se
colocam ao lado dos banqueiros e
não dos poupadores, se a Justiça já
se manifestou pelo prejuízo provocado pelos planos econômicos?"
SIMÃO KORN (Santos, SP)
Judiciário
"O caso noticiado pela Folha do
lavrador que ficou preso por 11 anos
sem ser julgado, tendo passado por
quatro presídios neste período, deixa claro que o Judiciário e o sistema
penitenciário são modelos obsoletos, corruptos e totalmente falíveis.
O Executivo e o Judiciário deveriam aproveitar esse caso colocado
à público para dar início imediato a
um processo de reforma no sistema
judicial e penitenciário do Brasil.
Quantos inocentes estão presos?
Quantos presos já cumpriram suas
penas e deveriam estar nas ruas?
Quantos marginais estão soltos?"
RAFAEL MOIA FILHO (Bauru, SP)
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