São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009

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PAINEL DO LEITOR

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Bolsa Família
"Eu gostaria de saber do presidente Lula quantas famílias inscritas no Bolsa Família têm renda entre R$ 70 e R$ 140 mensais ou são realmente extremamente pobres.
Se até um gato já foi beneficiado, posso imaginar o tamanho das falhas no controle do acesso ao benefício. O Bolsa Família tem seus méritos, afinal o Brasil é um país com milhões de brasileiros abaixo da linha de pobreza. Deixar o povo passar fome não dá. Mas as falhas do Bolsa Família consomem dinheiro público. Por outro lado, receio que o acesso ao dinheiro, pela forma assistencial, se cristalize em detrimento do acesso ao dinheiro por meio da educação e do trabalho, não porque o povo vai se acomodar, mas porque o político se acomoda nas fórmulas que o mantêm no poder.
Portanto, senhor presidente, o cidadão que aponta as fragilidades do programa não é imbecil. É lúcido."
ELIANA BIANCO (São Paulo, SP)

Intolerância
"As recentes manifestações de indignação ocorridas nesta semana, aqui, no "Painel do Leitor", me provocaram certa preocupação com relação ao nível de tolerância intelectual dos consumidores deste jornal.
É que, em três casos distintos, porém correlatos, a repercussão assumiu dimensão desproporcionalmente bem maior do que o fato.
O primeiro, a piada de Danilo Gentili via Twitter na madrugada do fim de semana passado. Pode-se gostar ou não, e até acusá-la de infeliz. Porém tachá-la de preconceituosa, submetendo seu autor ao policiamento reservado ao tipo penal que define esse delito, me parece hipocrisia demais. O segundo caso refere-se à repercussão do texto "Deixem Jesus em paz", de autoria do Juca Kfouri. Neste, inclusive, me parece até que o colunista agiu em defesa da religiosidade, reservando-a à solenidade e ao ambiente que lhes são devidos e propícios. O último fato consiste na negativa de Ziraldo em criticar José Sarney, em respeito óbvio aos laços de amizade.
Também não gosto do Sarney, mas será que, por isso, todos são obrigados a compartilhar comigo a mesma opinião? E ninguém pode ser amigo do homem? Nos dias atuais, ouso afirmar que a tolerância seja talvez o principal alicerce da democracia moderna. Não nos esqueçamos da dureza do caminho trilhado para se chegar até aqui."
FRANKLYN GALLANI (São Paulo, SP)

Psicóloga
"Fiquei abismado com a decisão do Conselho Federal de Psicologia em punir Rosângela Justino por estar exercendo a profissão que escolheu (Cotidiano, 1/8). Se alguém pode ter o direito de ser homossexual, deve ter o direito de deixar de ser, escolhendo um profissional adequado para ter atendimento. O que o conselho está fazendo é uma intromissão na vida pessoal de todos, paciente e terapeuta, e na vida profissional da psicóloga, que tem o direito inalienável de trabalhar. E, mais ainda, o de pensar por si própria. O sujeito que falou em nome do Conselho Federal de Psicologia e quem pensa como ele jamais poderá criticar a Inquisição. É como se alguém quisesse me punir, como advogado, por defender que um casal não se divorciasse, ou punir um fonoaudiólogo por pretender que um surdo passasse a ouvir. Acho melhor o conselho ir se aconselhar e repensar sua postura ou, melhor ainda, buscar ajuda. Comportamento cretino e de má-fé."
NEREU PEPLOW (Curitiba, PR)

Gripe
"Como estudante prejudicado pelo adiamento de aulas, gostaria de expressar a minha reprovação à atitude tomada por várias escolas interioranas que adiaram o retorno às aulas em cidades em que nem sequer houve confirmação de casos da gripe H1N1. Além da dificuldade para repor as aulas, atitudes mal pensadas como esta causam pânico e "aumentam" o problema. Problema que tem o mesmo tamanho, ou, tomando-se como base o número de mortes diárias, é bem menor do que a gripe comum. É pena que, justo quando os educadores podem mostrar que é possível tomar as rédeas da nova gripe por meio da instrução, eles fogem da raia."
BRENO LEVÍ CORRÊA (Campo Belo, MG)

Política
"Em nosso país fala-se muito em eliminar a corrupção, mas os fatos constantemente desmentem essa intenção. Carlos Drummond de Andrade disse: é fácil falar em nome do povo, ele não tem voz. E um dos maiores políticos brasileiros, desabafou: metade dos meus homens de governo não é capaz de nada, e a outra é capaz de tudo. Não foi o Lula não, foi Getulio Vargas -embora continue muito atual."
JOÃO HENRIQUE RIEDER (São Paulo, SP)

Caetano
"Não entendo como ainda tem gente que consegue enxergar alguma coisa, digamos, "artística", em Caetano Veloso. Já faz pelo menos uns 15 anos que não ouço e nem compro nada que esse indivíduo produz. Quando o comparo com outros astros, tais como Lou Reed, Mick Jagger e mesmo Bob Dylan, reforço a minha convicção de que fiz um bem danado em ignorá-lo."
ORLANDO F. FILHO (São Paulo, SP)

 

"Os missivistas que escreveram para criticar Caetano, acusando-o de se aproveitar de uma amizade para receber dinheiro público via Lei Rouanet, por se tratar de artista consagrado, se esquecem que existem muitos artistas consagrados e ricos, principalmente na classe artística paulista, que também recebem altas somas de dinheiro público e com muito mais facilidade, pois fazem parte de uma elite que acha que só eles, do Sudeste, são mais capazes. Por que só Caetano não pode receber? É proibido proibir."
GRIMA GRIMALDI (São Paulo, SP)

Vale Cultura
"Ao fazer sua crítica ao Vale Cultura, programa que deverá ser implantado pelo governo federal e que pretende proporcionar aos trabalhadores R$ 50,00 mensais para gastos com cultura e lazer, o polêmico e enviesado Gilberto Dimenstein (Cotidiano, 26/7) se perdeu em seus próprios argumentos. Começa por dizer que o programa "significa mais plateia aos artistas. Para os empresários, a chance de agradar a seus empregados e, ainda por cima, abater do imposto; para os trabalhadores, mais um benefício".
Contudo, em vez de elogiar a iniciativa, classifica-a como eleitoreira. O Vale Cultura também foi duramente criticado pelo colunista por achar que a população gastará os R$ 50,00 mensais "em espetáculos de alto impacto popular, mas com baixo teor educativo -livros de autoajuda, filmes de comédia ou shows de música sertaneja ou pagode". O que quer o articulista? Que o governo seja discricionário em relação aos espetáculos e obras que poderão se beneficiar? Quer privar os trabalhadores de usarem o Vale Cultura nos espetáculos e livros que gostariam de ter acesso? Parece-me autoritário, para dizer o mínimo, opinar pelo trabalhador brasileiro em quais espetáculos ele deve utilizar seu Vale Cultura e aproveitar o seu pouco tempo de lazer.
Deixemos que ele e sua família decidam como preferem se divertir!"
MURILO HENRIQUE MORELLI (São Paulo, SP)

Poupança
"Como forma de repúdio ao lobby do Ministério da Fazenda e do Banco Central contra o pagamento de indenização aos poupadores dos anos 80 e 90, devemos lembrar que Henrique Meirelles e Guido Mantega deverão ser candidatos nas próximas eleições. Por que eles se colocam ao lado dos banqueiros e não dos poupadores, se a Justiça já se manifestou pelo prejuízo provocado pelos planos econômicos?"
SIMÃO KORN (Santos, SP)

Judiciário
"O caso noticiado pela Folha do lavrador que ficou preso por 11 anos sem ser julgado, tendo passado por quatro presídios neste período, deixa claro que o Judiciário e o sistema penitenciário são modelos obsoletos, corruptos e totalmente falíveis.
O Executivo e o Judiciário deveriam aproveitar esse caso colocado à público para dar início imediato a um processo de reforma no sistema judicial e penitenciário do Brasil.
Quantos inocentes estão presos? Quantos presos já cumpriram suas penas e deveriam estar nas ruas? Quantos marginais estão soltos?"
RAFAEL MOIA FILHO (Bauru, SP)

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