São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Estrada
"Sobre reportagem publicada em Cotidiano, na edição de 26/9, sobre a obra da rodovia Fernão Dias, tenho a dizer o que segue. Eu nunca afirmei nem sequer aventei a hipótese de que se pudesse aditar o contrato da rodovia Fernão Dias acima de 25%. Se alguém disse isso, faltou com a verdade. Sempre tive a certeza de que o referido aditamento, acima dos 25% legais, não poderia ser feito. Como sou engenheiro, consultei os departamentos jurídicos do DNER e do Ministério dos Transportes. Ambos foram firmes e claros em negar essa possibilidade de aditamento superior a 25%. Logo, eu jamais poderia ter falado algo como foi citado na reportagem. Lamento muito que o jornalista não tenha me ouvido, mesmo que a citação tenha vindo do secretário Zeitlin. Se me ouvisse, o jornalista saberia que nada ficou no ar. Houve uma reunião, em Brasília, concreta e objetiva, com a presença do DER-SP, do representante do secretário Zeitlin, do DNER e seus advogados, do gerente do Programa Brasil em Ação e do dr. Eros Grou. Presidi essa reunião que, após ouvir os argumentos do dr. Eros, respeitando sua qualificação profissional, decidiu, em definitivo, que o DNER e o Ministério dos Transportes não concordavam com o aditamento acima de 25% e que não pagaríamos nada acima dos 25% legais. Ficou decidido e assim foi feito. Nunca o Ministério dos Transportes e o DNER concordaram com a tese levada pela Secretaria dos Transportes de São Paulo. A solução dada ocorreu após essa reunião, clara e incontestável, que contou com cerca de oito pessoas presentes. Imagino que Zeitlin tenha tomado a decisão posteriormente, baseado na sua assessoria jurídica. Nunca vi um gestor público tomar decisão desse porte baseado em "alguém disse, mas não escreveu" ou em "havia um discurso no ar". Zeitlin foi informado da decisão da reunião pelos seus representantes."
José Luiz Portella Pereira (São Paulo, SP)

Irrealidade televisiva
"Depois de muito observar, comecei a constatar o quanto é nociva a programação da nossa TV. Muito longe de ser um moralista, tenho certeza que a excessiva exposição de nádegas e seios à mostra na TV, contribui em muito para a violência que vivemos, pois as modelos expostas são mulheres de beleza acima da média do que vemos nas ruas. Isso gera um sentimento de revolta por parte dos jovens, que, diante de tanta beleza, cria um sentimento de revolta, pois a maioria dos rapazes jamais terá junto de si tal beleza. E, quanto às moças, é evidente que o grau de frustração não é inferior. Portanto, tenho certeza de que essa sensação de frustração gera junto aos jovens um sentimento de descontentamento, criando sim uma geração de pessoas agressivas e violentas. Acho que as autoridades deveriam coibir essas cenas, não por moralismo, mas sim por ser um desserviço à nossa juventude."
Victor Alberto Cohen (São Paulo, SP)

Precaução
"Em relação ao FGTS, o governo não terá pejo de voltar atrás. Portanto, a recomendação para o momento é cautela e muito caldo de galinha. Que Deus nos ajude."
Waldemar Fernandes Pinto (São José dos Campos, SP)

Verba universitária
"As reportagens publicadas pela Folha com as manchetes "Posto da USP faz leilão para se manter" (pág. C12, 28/9) e "Equipe cria antiinflamatório brasileiro" (pág. A17, 29/9) são esclarecedoras e oportunas. Esclarecedoras porque deixam exposta a importância que tem a universidade pública para toda a sociedade. São oportunas porque neste momento o governador Mário Covas acaba de vetar projeto de lei aprovado na Assembléia Legislativa de São Paulo que visava a destinar mais verbas para as universidades públicas. Seria exemplar, diante de tantas evidências, se os deputados derrubassem o veto do governador. A sociedade agradeceria."
Orlando Seixas Bechara (São Paulo, SP)

Rei do mundo
"O petróleo ainda impõe seu valor e sua autoridade para uma sociedade que se diz "avançada tecnologicamente". Um simples toque no preço do seu barril chacoalha as Bolsas e os mercados do mundo inteiro. Por que será que justamente os países do Oriente Médio -alguns até inimigos dos EUA- são possuidores das maiores reservas do líquido negro? Das terras de que jorram leite e mel jorra também a maior riqueza, ainda, da sociedade moderna: o petróleo."
Georgia de Moraes (São José do Rio Preto, SP)

Transgênicos
"O governo e a população brasileira precisam, com urgência, rever seu preconceito contra os alimentos transgênicos, sob pena de, mais uma vez, o país ficar marcando passo na corrida mundial pelo avanço científico. O Brasil corre o risco de ser ridicularizado e passar vergonha perante a comunidade científica mundial. É importante que o governo regulamente a rotulagem dos alimentos transgênicos e deixe a população decidir se deseja consumi-los ou não."
Sérgio Braga de Mello (São Leopoldo, RS)

Editorial
"O editorial "Moldura Democrática" (Opinião, 24/9) traça um perfil rigorosamente correto de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Além de procedente, o texto, "curiosamente", mostra um paradoxo. O trecho seguinte, do artigo em foco, exemplifica magistralmente a questão: "Se a democracia se encontra de novo em questão na América do Sul, é também porque suas elites continuam a sentir-se à vontade para moldar as instituições democráticas a seus interesses imediatos. A participação popular no cotidiano democrático ainda é um ideal distante. Não se poderia esperar outra coisa de dezenas de milhões de pessoas mantidas na ignorância e na pobreza". O que causa espanto, configurando-se como verdadeiro paradoxo, é esse diagnóstico ser feito por um importante setor da elite. Não apenas importante, mas principalmente um que, com certeza, poderia ser o maior canal de expressão popular. Entretanto, tal observação tem como destino, apenas a lata do lixo das redações e como resposta, o silêncio. Meu único consolo é compreender o significado do silêncio.
Cesar Boschetti (São José dos Campos, SP)

História do catolicismo
"Superioridade da Igreja Católica (Mundo, 6/9). É extemporânea do título acima tal afirmação. Pedro não teve a primazia de ser a pedra fundamental da igreja. Paulo declarou terminantemente que ninguém pode lançar outro fundamento na Igreja a não ser Jesus Cristo. Nenhum ser humano é sucessor de Jesus Cristo na igreja; mas somente o Espírito Santo. A Bíblia é a única regra de fé, portanto, pelo exposto acima, a igreja que tem o papa como seu chefe não tem superioridade nem é mãe do cristianismo."
Antonio Pacitti (São Paulo, SP)

Crustáceo equivocado
"Ao contrário do que a imprensa anda dizendo, o nome da república existente na África que derrotou o Brasil no futebol masculino, na Olimpíada de Sydney, não é e nunca foi "Camarões". O nome originário vem do explorador inglês Verney Lovett Cameroon, que no século 19 esteve por aquelas paragens. Com o passar dos tempos, acabou ficando só Camerum (em razão da pronúncia). Therezinha de Castro, em seu livro "África -Geohistória, Geopolítica e Relações Internacionais", editado pela Biblioteca do Exército, em 1981, lembra que traduzir o sobrenome do desbravador para "Camarões" é um disparate. Além do mais, adverte a autora que a tradução correta em inglês ou francês (línguas oficiais do país) seria "Republic of Shrimps" ou "République de Crevettes". No mesmo raciocínio, lembro também o que seria chamar o diretor inglês do filme "Titanic" de "James Camarão"."
Antônio Sérgio Ribeiro (São Paulo, SP)


Texto Anterior: Emir Sader: Neoliberalismo ou democracia

Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.