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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
A grandeza dos pequenos
Celebramos em 1º de outubro a
Festa de Santa Teresinha do Menino Jesus, jovem carmelita cuja vida
nos encanta e nos aproxima de Deus.
Ela não realizou obras vistosas. Deixou-nos exemplo de exímia santidade
pela vida simples, humilde e despretensiosa. Essa jovem, nascida em
Alençon, na França, no ano de 1873,
com apenas 24 anos ofereceu-nos o
testemunho de intenso amor a Deus e
de zelo pelo bem do próximo. Sua breve existência ainda hoje maravilha a
quantos conhecem a beleza de seu itinerário espiritual que ela mesma denominava de a "pequena via". Nela se
manifesta a grandeza dos pequenos.
Como seria bom se, em meio a preocupações e afazeres cotidianos, atônitos diante da violência, da injustiça e
da perda -para muitos- do sentido
da vida, pudéssemos aprender as lições da jovem religiosa de Lisieux.
Já aos 15 anos, com especial licença,
consagrou-se a Deus como contemplativa de estrita clausura, seguindo a
Regra das Carmelitas. Seu coração, no
entanto, desapegado dos interesses
pessoais, consciente da própria pequenez, deixou-se possuir pela infinita misericórdia de Deus e, desde cedo,
entregou-se com ilimitada confiança.
Sentia-se nos braços divinos "como
criança no regaço de sua mãe", Em
Deus encontrava a tranqüilidade interior e a força que supria a experiência
da pequenez e a encorajava a doar-se
sem limites para o bem do próximo.
Na oração contínua, confiava a Deus
as necessidades dos irmãos, nos quais
reconhecia, à luz da fé, a face de Deus.
Dizia, com simplicidade, "no coração
da Igreja, minha mãe, eu serei o
amor", e acrescentava o pedido a Deus
que lhe concedesse "passar o céu fazendo o bem sobre a terra". Incluía
nessa prece, em primeiro lugar, a vontade de oferecer sua vida e seus sofrimentos para a conversão dos que se
encontram no pecado, longe de Deus
e da felicidade eterna. Essa doação de
si para o bem espiritual do próximo e
o forte desejo de atrair todos a Deus
justificam a escolha de Santa Teresinha pela Igreja, como especial padroeira dos missionários. Convencida
do poder da oração, acompanhava,
pela oferta dos sofrimentos e pequenos sacrifícios, o zelo dos que anunciam os valores do Reino de Deus nas
regiões mais distantes. Na pequena
cela do Carmelo, seu coração em prece vivia, à semelhança de Jesus Cristo,
o amor e a solicitude por toda a humanidade.
Precisamos muito das lições desta
jovem Santa. Ela nos ensina a encontrar a paz pela prática do amor confiante em Deus e aberto às necessidades do próximo.
Diante dos problemas complexos
que desafiam a sociedade, todos temos necessidade de voltar o coração
para Deus, acreditar na sua misericórdia e renovar a esperança na certeza de
que, à luz do amor divino, tudo coopera para o bem (Rom. 8, 28).
Do amor há de brotar a vontade de
querer ajudar o próximo nas pequenas ocasiões de cada dia. Ainda hoje, a
"pequena via" da infância espiritual
continua atraindo muitas pessoas
que, no escondimento da família e no
meio do povo, seguem o mesmo caminho de Santa Teresinha -de humildade, de amor e de alegria confiante. Quantas vezes tenho conhecido a
grandeza da virtude de pessoas simples que se santificam pela prática do
amor e revelam para nós a beleza da
misericórdia de Deus.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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