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ELIANE CANTANHÊDE
Troca-troca
BRASÍLIA - Termina amanhã o
prazo para os políticos dançarem
conforme a música, trocando de
parceiros e de partidos de olho nas
eleições de 3 de outubro de 2010.
Nessa festança, o que menos conta
é a harmonia programática e ideológica. Em geral, o sujeito vai do
baião ao balé clássico num rodopio.
Não é o caso de Marina Silva, que
abriu a fila, saindo do PT para o PV e
para a disputa presidencial. Mas
talvez seja o de todo o resto. Atrás
dela, Flávio Arns recuou do PT e
voltou ao PSDB, e o ex-secretário de
São Paulo Gabriel Chalita trocou o
PSDB pelo PSB de Ciro Gomes.
O PMDB não ficaria fora da orgia.
Na cúpula, apesar da guerra e dos
insultos públicos, nem José Sarney
e Renan Calheiros, de um lado, nem
Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos,
de outro, se mexeram. Daí para baixo, todos são pé de valsa.
No Espírito Santo, a ex-candidata
a vice de Serra em 2002, Rita Camata, sai do PMDB para o PSDB. Em
Brasília, o ex-governador e ex-senador Joaquim Roriz desiste do
PMDB e adere ao PSC, do qual você
provavelmente nunca ouve falar.
Chama-se Partido Social Cristão e
já pulou para 17 deputados federais.
Não pela religiosidade...
Os empresários estão na dança. O
"ideológico" Paulo Skaf, da Fiesp,
relutou entre meia dúzia de siglas
até se fixar no socialista PSB; o "esquerdista" Ivo Rosset, da Valisère,
adere ao PT, dos trabalhadores. O
"ambientalista" Guilherme Leal, da
Natura, filia-se ao PV de Marina.
E a turma do governo também está ativa. Nunca antes neste país, ao
que se lembre, o presidente do Banco Central e o chanceler, embaixador de carreira, assumem uma sigla
partidária. Meirelles foi para o
PMDB, e Amorim, para o PT. Tudo
pode acontecer.
Só faltava o Ciro voltar ao berço e
transferir o domicílio eleitoral para
São Paulo, que ele xinga há tantos e
tantos anos. Não falta mais. E o que
ainda falta? O Serra e o Aécio procurarem as suas turmas. Tarde demais. O prazo acabou.
elianec@uol.com.br
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