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NA PRESIDÊNCIA DA ALCA
O Brasil acaba de assumir, ao
lado dos Estados Unidos, a
presidência da Área de Livre Comércio das Américas na fase final de negociação do bloco.
Os norte-americanos praticamente
demarcaram os limites das negociações da Alca no mandato que o Congresso dos EUA estabeleceu para o
presidente George W. Bush. Boa
parte dos temas delicados para os
lobbies empresariais e sindicais
americanos estará sujeita a alteração
pelo Legislativo dos EUA.
Do lado brasileiro, há algum tempo parece superada a fase "ideológica" da diplomacia comercial, baseada no pressuposto de que abrir o
mercado interno a estrangeiros é
sempre bom, independentemente de
haver reciprocidade da parte dos parceiros comerciais do Brasil. A realidade -de que a abertura indiscriminada é danosa para a indústria, o emprego e as contas externas do país-
foi finalmente assimilada.
Como afirmou o ex-ministro Rubens Ricupero a esta Folha, um mercado consumidor da dimensão do
norte-americano não pode ser desprezado pelo Brasil. O argumento
ganha relevo no momento em que se
impõe o caminho do aumento das
vendas externas como o menos doloroso para a recuperação do crescimento da economia brasileira.
Esse fato apenas reforça que deve
prevalecer uma visão pragmática das
tratativas da Alca -que não é, ademais, a única via de acesso ao mercado americano. Seria diminuir a capacidade de o Estado brasileiro fazer
políticas de desenvolvimento aceitar,
por exemplo, a proposta dos EUA
para o regime de investimentos no
futuro bloco. Liberalizar completamente as compras governamentais
também seria ruim. No próprio capítulo dos mercados que o Brasil pretende expor mais rapidamente à concorrência externa há que ter cautela.
A Alca será uma das três grandes
conversações comerciais pelas quais
o Brasil vai passar nos próximos
anos. O que não puder ser conquistado na Alca pode ser perseguido em
outro âmbito. Mortal seria fechar um
acordo que impedisse o Brasil de ser
uma economia globalmente competitiva. Como mortal será, e isso independentemente da Alca, a economia
brasileira deixar de preparar-se para
ampliar muito a sua participação nas
exportações globais.
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