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O NOVO MAPA POLÍTICO
O cenário configurado pelas
eleições municipais de 2004
revela-se não apenas bastante diverso daquele em que se elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como
mais desfavorável ao petismo no plano nacional. As urnas afastaram o
partido governista das regiões mais
ricas do país e o empurraram para os
Estados menos desenvolvidos. É fato
que houve um aumento considerável
do número de cidades com administrações petistas. A sigla, que hoje comanda 187 prefeituras passará a administrar um total 411, dentre elas as
de nove capitais.
No entanto, as vitórias do petismo,
exceção feita a Belo Horizonte (MG),
Vitória (ES), Recife (PE) e Fortaleza
(CE), aconteceram quase sempre em
locais de limitada expressão política
nacional ou mesmo regional, indicando que o aumento da quantidade
de prefeituras não foi acompanhado
por conquistas que se destacam qualitativamente. Ao contrário, o PT sofreu importantes derrotas nas regiões Sul e Sudeste, tendo perdido
espaço em redutos tradicionais e influentes, como Porto Alegre -além,
obviamente, de São Paulo.
Se forem consideradas as 96 maiores cidades brasileiras, que concentram mais de 46 milhões de habitantes, esse diagnóstico se confirma.
Com 24 prefeitos eleitos, o PT continuará a ser o partido que detém a
gestão da maior fatia delas e governará cerca de 10 milhões de eleitores.
Essa cifra, no entanto, é menor do
que a obtida pelo PSDB, principal
partido de oposição, que, mesmo
mantendo a marca de 19 vitórias nos
maiores centros urbanos, mais do
que dobrou o número de eleitores
sob sua administração. Os tucanos,
que dominam municípios com cerca
de 5 milhões de eleitores, passarão a
governar mais de 13 milhões.
Considerado o conjunto dos municípios brasileiros, o PSDB é o grande
vitorioso. Estará à frente de cidades
que reúnem mais de 25 milhões de
pessoas.
Já as prefeituras do PT, que fica
com o segundo lugar, correspondem a uma população de aproximadamente 17 milhões. Esses números
confirmam o peso da inédita e decisiva vitória de José Serra na cidade de
São Paulo -que, além do aspecto
quantitativo, revestiu-se de significado simbólico por ter sido conquistada em confronto direto com o PT.
No plano nacional, é de ressaltar,
também, que, a par do insucesso de
lideranças como o casal Garotinho,
no Rio, o senador Antonio Carlos
Magalhães, na Bahia e o senador
Tasso Jereissati, no Ceará, o eleitor
prestigiou legendas de porte médio,
que devem se fortalecer nas articulações com vistas a 2006.
O desenho do novo mapa político,
no entanto, não está consolidado. O
antagonismo entre PT e PSDB vai se
acentuar, mas o poder de atração do
Planalto permanece. O governo ainda terá de patrocinar a reorganização
de sua base de apoio, num contexto
mais adverso, no qual o PSDB ganhou vida nova.
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