São Paulo, quarta-feira, 02 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Avanços no Rio

CERCA de 300 policiais ocuparam, nesta segunda-feira, duas áreas de favela contíguas na zona sul do Rio de Janeiro, na fronteira dos bairros de Ipanema e Copacabana. O objetivo da operação nos morros do Cantagalo e Pavãozinho é impor policiamento rotineiro a territórios antes sob controle de grupos criminosos armados. Até o fim do ano, promete o governo do Estado, uma unidade policial definitiva será instalada no local.
Se o processo for bem sucedido, será a sexta "Unidade de Polícia Pacificadora" a quebrar o controle territorial de traficantes em bairros pobres cariocas. O projeto começou no final do ano passado, no morro Dona Marta, em Botafogo, e já abrange população de 111 mil pessoas -11% dos moradores de favelas na cidade. A expectativa do governo estadual é que cerca de 300 mil pessoas vivam em áreas "pacificadas" até o final de 2010.
Como admite indiretamente o próprio secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, "pacificação" não é a melhor descrição para a iniciativa. "Não temos a pretensão e não podemos prometer acabar com o tráfico ou com a violência", ele diz. "Mas estamos acabando com a lógica da territorialização."
Tais áreas estão, na verdade, sendo tardiamente reintegradas à cidade. Escapa-se à lógica dual que imperou por décadas na relação da polícia com as favelas, que ou as abandonava à própria sorte ou submetia seus moradores a combates por vezes semelhantes aos de uma guerra.
O objetivo e a estratégia do governo do Rio estão corretos. Seus efeitos prometem ser benéficos sobretudo para os moradores das favelas. Mas, por operar em áreas densamente povoadas, a ofensiva está sujeita a desgastes e reveses ocasionais.
É razoável esperar que o comércio de drogas persista, mais pulverizado. Grupos criminosos, sem os territórios cativos, podem vir a "diversificar" suas atividades, com impactos negativos, no curto prazo, em índices de violência. Não obstante, a universalização da segurança pública, objetivo final da estratégia, é razão suficiente para que o governo do Rio mantenha o curso.


Texto Anterior: Editoriais: A conversa de sempre
Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Piratas da fé
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.