|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
A roda por inventar
SÃO PAULO -
O leitor que me perdoe por ter de voltar ao tema com que terminei o texto de ontem, mas faltou
precisão.
Faltou dizer o que o jornal espanhol
"El País" acabou afirmando na sua
edição de ontem, em editorial, sobre
a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Disse o seguinte: "O que Lula inaugura é, antes de tudo, a tentativa de
desenhar um modelo que traduza em
políticas o princípio de que a luta
contra a desigualdade social não é
uma consequência, mas uma condição prévia para o crescimento econômico da zona" (por zona entenda-se
a América Latina).
Tomara que tenha sido essa a idéia
de fundo por trás da frase de Lula, no
discurso de posse, segundo a qual o
Brasil "terá de pensar com a sua cabeça, andar com as suas próprias pernas, ouvir o que diz seu coração".
Ou, posto de outra forma, o Brasil
de Lula terá de sair da ortodoxia sem
jogar fora a criança (a estabilidade)
junto com a água do banho, terá de
voltar a crescer, mas terá também de
inventar um crescimento que supere
"a maior desigualdade social do
mundo, uma tara que se converteu
na trava central para seu desenvolvimento", para voltar a citar "El País",
sempre falando de América Latina, e
não apenas de Brasil.
É saudável que tenha sido precisamente essa a tônica do discurso de
posse de Antonio Palocci como ministro da Fazenda.
"Um país como o Brasil só terá estabilidade econômica duradoura
quando conquistar crescimento sustentável e estabilidade social", disse.
Prometeu também "um Estado a
serviço da inclusão social e das condições necessárias à retomada do crescimento sustentável".
É claro que, como treino é treino, e
jogo é jogo, falar é fácil, é treino. Fazer é outra coisa, é jogo duro.
Mas, ao menos, o falatório petista,
nessas suas primeiras 48 horas, foge
do temido "más de lo mismo".
Texto Anterior: Editoriais: CLONE E MORAL Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Com a palavra, o PT Índice
|