|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARLOS HEITOR CONY
Moniz Vianna
RIO DE JANEIRO - Durante muitos anos, Moniz Vianna foi o imperador absoluto na crítica cinematográfica. Evidente que era contestado, mas ninguém poderia imaginar
um filme importante sem sua opinião, fosse contra ou a favor. Antes
de mais nada, foi um líder: apesar
de responsável pela seção de cinema, durante dois ou três anos foi
o redator-chefe do "Correio da
Manhã".
Criou um grupo que teria influência no jornalismo e na produção cinematográfica, incluindo alguns diretores, como Walter Lima
Jr. e Maurício Gomes Leite, e um time de colegas que se destacaram na
imprensa nacional, como José Lino
Grünewald, Ely Azeredo, Salvyano
Cavalcanti de Paiva, Sérgio Augusto, Valério Andrade, Ruy Castro,
Wilson Cunha, Paulo Perdigão e
outros.
Sua cultura geral era assombrosa:
formara-se em medicina e exercia a
profissão com seriedade. Mas sua
paixão era mesmo o cinema. De
1965 a 1969, estruturou e dirigiu os
Festivais Internacionais de Cinema
(FIF), que trouxe Fritz Lang e Marco Bellochio ao Brasil. Trabalhou
no projeto que criou o Instituto Nacional de Cinema. Entrevistou os
principais diretores de sua época,
como René Clair e John Ford, que
ele particularmente admirava. E os
grandes diretores do neorrealismo
italiano.
A Companhia das Letras publicou, em 2004, o único livro que seus
amigos o obrigaram a escrever:
"Um Filme por Dia". Uma pequena
antologia do melhor cinema feito
nos anos 50 e 60. Podiam discordar
dele, mas todos o respeitavam. Escrevia com elegância e ritmo. Numa
crítica a "7 Mulheres", de John
Ford, ele narra em frases ligeiras o
filme, que não chega a ser dos mais
importantes daquele diretor. Destacando o close que encerra a história, ele escreveu: "A câmara se afasta. Atrás dela está John Ford".
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Problema deles Próximo Texto: Marcos Nobre: Filosofia na escola Índice
|