São Paulo, terça-feira, 03 de fevereiro de 2009

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CARLOS HEITOR CONY

Moniz Vianna

RIO DE JANEIRO - Durante muitos anos, Moniz Vianna foi o imperador absoluto na crítica cinematográfica. Evidente que era contestado, mas ninguém poderia imaginar um filme importante sem sua opinião, fosse contra ou a favor. Antes de mais nada, foi um líder: apesar de responsável pela seção de cinema, durante dois ou três anos foi o redator-chefe do "Correio da Manhã".
Criou um grupo que teria influência no jornalismo e na produção cinematográfica, incluindo alguns diretores, como Walter Lima Jr. e Maurício Gomes Leite, e um time de colegas que se destacaram na imprensa nacional, como José Lino Grünewald, Ely Azeredo, Salvyano Cavalcanti de Paiva, Sérgio Augusto, Valério Andrade, Ruy Castro, Wilson Cunha, Paulo Perdigão e outros.
Sua cultura geral era assombrosa: formara-se em medicina e exercia a profissão com seriedade. Mas sua paixão era mesmo o cinema. De 1965 a 1969, estruturou e dirigiu os Festivais Internacionais de Cinema (FIF), que trouxe Fritz Lang e Marco Bellochio ao Brasil. Trabalhou no projeto que criou o Instituto Nacional de Cinema. Entrevistou os principais diretores de sua época, como René Clair e John Ford, que ele particularmente admirava. E os grandes diretores do neorrealismo italiano.
A Companhia das Letras publicou, em 2004, o único livro que seus amigos o obrigaram a escrever: "Um Filme por Dia". Uma pequena antologia do melhor cinema feito nos anos 50 e 60. Podiam discordar dele, mas todos o respeitavam. Escrevia com elegância e ritmo. Numa crítica a "7 Mulheres", de John Ford, ele narra em frases ligeiras o filme, que não chega a ser dos mais importantes daquele diretor. Destacando o close que encerra a história, ele escreveu: "A câmara se afasta. Atrás dela está John Ford".


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