São Paulo, quinta-feira, 03 de fevereiro de 2011

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KENNETH MAXWELL

Idade

Hoje em dia, não está na moda enfatizar demais a idade das pessoas. Mas a semana viu novos capítulos de sagas na Europa, na África e nas Ásia nas quais idade, sucessões e grandes fortunas, tanto políticas quanto materiais, se misturam inextricavelmente.
O mais jovem dos protagonistas é Rupert Murdoch, magnata da mídia na Austrália, no Reino Unido e nos Estados Unidos e presidente da News Corp., que viajou na semana passada para Londres a fim de cuidar dos negócios da família, entre os quais o jornal sensacionalista "News of the World", que no momento está afundado até o pescoço em um desagradável escândalo de escutas telefônicas.
Também foi aguardar uma decisão favorável quanto à sua proposta para tomar controle pleno da British Sky Broadcasting. Murdoch completará 80 anos em março e sua chegada à cidade alijou do comando seu filho mais jovem, James, 38 -que anteriormente controlava as operações da News Corp. na Europa e na Ásia-, e levou ao ressurgimento das especulações na longa novela da disputa entre James e seus irmãos Elizabeth e Lachlan, o primogênito, pelo controle da empresa que Murdoch comanda há 58 anos.
Temos também o caso de Hosni Mubarak, potentado do Egito há quase 30 anos e amigo de sucessivos presidentes norte-americanos, que já chegou aos 82 anos.
Por fim temos Stanley Ho, o rei dos cassinos de Macau, com 89 anos. Ele está envolvido em uma saga digna de Shakespeare ou de uma ópera chinesa, na qual suas três mulheres (a primeira das quais morreu em 2004), e suas 11 filhas e quatro filhos sobreviventes se digladiam em uma disputa amarga, e que agora se tornou muito pública, por sua fortuna hoteleira e imobiliária.
Ho muda de ideia e altera suas instruções a cada dia e, aparentemente, afirma (em vídeos concorrentes exibidos pelos canais de televisão) aquilo que seus parentes ou os advogados desses que o visitaram mais recentemente desejam que diga, ou o instruíram a dizer. O que está em jogo é uma das maiores fortunas da Ásia.
Ho deteve monopólio sobre os cassinos de Macau por décadas. Desde que o controle sobre o território foi restituído à China, e apesar da concorrência, a riqueza dele só cresceu. Hoje está avaliada em US$ 3,1 bilhões.
Neste ano, o faturamento dos cassinos de Macau foi estimado como próximo dos US$ 30 bilhões anuais, ou seja, quatro e meia vezes superior ao de Las Vegas.
Seria muito melhor se os três tivessem planejado uma transição tranquila com antecedência, enquanto ainda tinham capacidade para tanto.

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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