|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEM LICENÇA
É escandalosa a constatação
de que quase a metade dos veículos cadastrados na cidade de São
Paulo está sem licenciamento. Segundo dados do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), dos 5,6
milhões de automóveis, 2,7 milhões
estão fora da lei. O número de irregulares supera até mesmo a frota de veículos do Rio de Janeiro (1.526.193), a
segunda maior do país.
Existem, é claro, diversas causas
possíveis para o não-licenciamento.
De acordo com o Detran, 1,4 milhão
de carros estão impedidos de realizá-lo devido a bloqueios diversos, como
ausência de transferência de documentação durante compra e venda,
penhora, furtos e roubos. O 1,3 milhão restante encontra-se fora de circulação ou está em situação irregular
pelo não-pagamento da taxa de licenciamento. Ela mesma não é muito cara. Custa algo em torno de R$
40,00. Só que, para licenciar o veículo, é preciso estar quite com o IPVA e
as multas que o carro tenha recebido.
São vários os problemas de uma
"frota fantasma" de 2,7 milhões de
veículos. Antes de mais nada, há aí
uma significativa evasão de recursos
públicos com o não-pagamento de
impostos, taxas e multas.
Mais importante, porém, é o fato
de que os proprietários dos veículos
irregulares dirigem à margem da lei.
Trata-se de um círculo vicioso: o motorista pode estar irregular porque
não teve dinheiro para pagar as multas, por exemplo, e, por estar irregular (e pretender continuar assim),
tende a preocupar-se menos com a
possibilidade de ser multado, tornando-se assim uma ameaça ao
trânsito. Segundo o Detran, há cerca
de 886 mil veículos com atraso de dez
anos ou mais no licenciamento.
De nada adianta possuir um avançado código de trânsito, apontado
como um dos melhores do mundo,
se o elemento mais básico para fazer
cumprir as normas -que é o licenciamento do veículo- é solenemente ignorado pelas autoridades. Já
existe tecnologia para auxiliar a polícia a identificar e apreender os carros
fora da lei. É preciso agora tomar
uma atitude drástica.
Texto Anterior: Editoriais: TARIFAS ELEVADAS Próximo Texto: Editoriais: FUMO PASSIVO Índice
|