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ELIANE CANTANHÊDE
Em pé de guerra
BRASÍLIA - Hugo Chávez e Evo
Morales empunham a arma do petróleo e do gás, enquanto Luiz Inácio Lula da Silva ataca com o álcool
combustível. Agora é saber como
vão se comportar os outros atores
no campo de batalha.
O comandante Fidel já se posicionou a favor do exército chavista-evista, ao tentar desarmar a tese do
biocombustível sob o pretexto de
que vai dizimar as lavouras e aumentar a fome no mundo.
A tendência é que outro foco de
apoio venha do Equador, onde Rafael Correa acaba de assumir a Presidência, ainda está se digladiando
com organismos econômicos, como
Banco Mundial e FMI, e não assumiu nenhum dos dois lados.
Como Fidel, o comandante Bush
já estava posicionado preventivamente, só que, claro, contra Chávez
e Morales e a favor de Lula e dos
biocombustíveis. Brasil e EUA são
aliados nessa guerra.
E a tendência é que Tabaré Vázquez, apesar da história e das alianças de esquerda, tente ser no mínimo neutro. Ao lado de Chávez e de
Morales, contra Lula e Bush, não
deve ficar. Afinal, o Uruguai depende da carne para sobreviver, e isso
significa vender para os EUA. Tanto
que Tabaré quase, quase fechou um
TLC (Tratado de Livre Comércio)
com os americanos. Lula segurou.
No meio disso, há um presidente
que tem tido um comportamento
muito particular: Néstor Kirchner,
da Argentina. Não sabe nem quer
saber de guerras em torno de petróleo ou biocombustíveis. Digamos
que não perde energia com isso. Vira e mexe dá uma cutucada em Lula
e faz um bom acordo para os argentinos com Chávez. Não por ideologia, mas por pragmatismo.
É curioso, mas Lula é o líder anti-Chávez, e é por isso que os acordos
com Morales em torno do preço das
refinarias da Petrobras têm de ser
milimetricamente analisados. Afinal, guerra é guerra. Nessa, o Brasil
não precisa ganhar muito, mas também não pode perder.
elianec@uol.com.br
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