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MEDO DOS IMIGRANTES
Ministros dos 15 países
membros da União Européia,
bem como dos candidatos à entrada
no bloco, apoiaram, em Roma, a
proposta de constituição de um corpo policial comum encarregado de
vigiar as fronteiras da UE. Trata-se de
uma tentativa de responder à crescente preocupação da população
com a imigração ilegal.
A recente onda de ascensão de políticos e partidos ultraconservadores
naquele continente se nutre de um
sentimento generalizado de insegurança. A propaganda direitista explora essa resignação coletiva, associando-a aos imigrantes asiáticos e africanos que adentram os países europeus. Como uma das bandeiras da
extrema direita européia é de oposição à UE, é compreensível que haja
uma tentativa de resposta à questão
da imigração no âmbito do bloco.
Na maioria dos países da UE, os
imigrantes não passam de 6% da população total. Nas duas grandes nações que constituem exceção, Alemanha e Áustria, a população de origem estrangeira responde por entre
6% e 10% do total de habitantes. Os
números, portanto, não autorizam a
conclusão de que a Europa tenha sido "invadida" por estrangeiros.
É possível identificar, embutida na
questão da imigração, uma tensão
geral entre as necessidades dos empregadores -de baratear o custo da
mão-de-obra- e as dos trabalhadores "nativos", que assistem à convergência entre a entrada de imigrantes
e a cronificação do desemprego.
Países ricos possuem muitas chaves que podem atacar as causas do
problema. O protecionismo agrícola
europeu e norte-americano, um
exemplo em evidência, é sério entrave ao desenvolvimento das nações
periféricas. A falta de perspectiva de
futuro nos países pobres é fator fundamental para a emigração rumo à
Europa. Mas, para que o problema
seja atacado em sua raiz, será preciso
mudar o enfoque conservador que
dá o norte à política do Primeiro
Mundo e que tende a reduzi-lo a uma
questão de segurança nacional.
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