|
Próximo Texto | Índice
A CONCESSÃO DE PALOCCI
A novela da correção da tabela
do imposto de renda da pessoa
física terminou em anticlímax: o ministro da Fazenda, Antonio Palocci
Filho, anunciou um pequeno alívio
para os contribuintes, ainda a ser
aprovado pelo Legislativo.
O redutor proposto foi uma concessão da área econômica, que vinha
se manifestando rigidamente contra
o reajuste das faixas de renda sobre
as quais incidem as diversas alíquotas. Desde 1996, a tabela teve apenas
um reajuste, de 17,05%, em 2002.
O agrado agora oferecido foi o preço a ser pago pela incontinência verbal do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que, pressionado para aumentar o salário mínimo, procurou aliviar o ambiente afirmando que haveria "novidades" na tabela do IR.
Hoje, pessoas físicas que ganham
menos de R$ 1.058 por mês não pagam o tributo. Os que recebem mais
de R$ 1.058 contribuem com 15% sobre a parcela excedente. A partir de
R$ 2.115, o rendimento está submetido a uma alíquota de 27,5%. Se os valores fossem ajustados pela inflação,
subiria o número de isentos e haveria
redução do imposto para quem se situa nas outras faixas. Já a proposta de
Palocci permite ganho de até R$
27,50 por mês ao contribuinte.
O governo prometeu ainda enviar
projeto ao Legislativo propondo mudanças para 2005 -e deixou claro
que vai tentar compensar os gastos
ocasionados pelo redutor (R$ 500
milhões) com outras medidas fiscais. Atualmente tramita na Câmara
proposta de correção da tabela da ordem de 56%, percentual que corresponde à inflação desde 1996 menos
os 17,5% concedidos em 2002. Os
petistas votaram contra na Comissão
de Finanças, que aprovou o texto. O
PT, que sempre lutou pela correção,
vê-se na circunstância de, mais uma
vez, impedir a aprovação de algo que
defendia anteriormente.
O caso do IR, a despeito da retórica
oficial de que são os "mais ricos" da
sociedade que pagam, é revelador da
insaciável sede de tributos de um Estado altamente endividado e em dificuldades para gerar recursos de maneira mais saudável, com redução de
juros, crescimento econômico e racionalização do sistema tributário.
Próximo Texto: Editoriais: MIXÓRDIA NUCLEAR Índice
|