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Milícias da tortura
OS CARTÉIS da droga dominam o morro, oferecem
algum serviço à população intimidada e impõem, pela
força das armas, obediência cega.
A fim de combatê-los, milícias
privadas expulsam os traficantes, dominam o morro, exigem
dinheiro dos moradores e impõem, pela força das armas, obediência cega.
Nesse ambiente em que todos
perdem, exceto tiranetes, ocorreu nova ofensa brutal contra o
direito dos cidadãos de conhecer
a verdade. Três profissionais do
jornal "O Dia" que faziam reportagem na favela do Batan (zona
oeste do Rio) foram seqüestrados e torturados durante sete
horas e meia por "milicianos"
que dão as cartas no local.
Os jornalistas empreendiam
apuração sobre como é o cotidiano de uma favela dominada por
essas milícias mercenárias, em
geral formadas por soldados, policiais e bombeiros, da ativa ou
afastados. A equipe do jornal foi
submetida pelos "milicianos" a
uma longa sessão de choques
elétricos, espancamento e asfixia
com sacos plásticos.
O secretário da Segurança confirmou que há policiais envolvidos no episódio. É, de resto, altíssima a probabilidade de encontrar agentes públicos atuando
ilegalmente em cada uma das
cem localidades dominadas pelas chamadas milícias no Rio. Essas forças, que já nascem infiltradas no Estado, estão financiando
e elegendo políticos para defender seus interesses criminosos.
O episódio com os jornalistas
de "O Dia" comprova que o domínio territorial dos ""paramilitares" é tão brutal e criminoso
quanto o exercido pelo narcotráfico. Ambos não hesitam em
aplicar os instrumentos da barbárie para manter seu mando.
O poder público não pode tolerar nem cartéis nem milícias.
Identificar e punir com celeridade os responsáveis por esse atentado contra a liberdade de informação é o mínimo que se espera
do governo e da Justiça do Rio.
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