São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2008

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ELIANE CANTANHÊDE

Em busca de um "cowboy"

ALBUQUERQUE - A Califórnia é definitivamente democrata, mas o Novo México pode ou não ser. Em 2000, Al Gore ganhou de Bush por menos de 1%. Em 2004, Bush ganhou de John Kerry também por menos de 1%. E a eleição americana, entre tantas outras peculiaridades, tem essa: ganhe por um ou ganhe por mil, o vencedor leva todos os votos daquele Estado.
Por isso Obama e McCain elegeram como prioridade Nevada, Colorado e Novo México -onde fica Albuquerque, boa amostra de toda a área, com sua paisagem desértica e imensa presença hispânica.
O Novo México é o quinto Estado em tamanho, mas o 36º em população (2 milhões). Os hispânicos são 43,3%, os índios, 9,2%, e os negros, só 1,8%. Os votos latinos são decisivos, mas peculiares: politicamente liberais, mas comportamentalmente conservadores (contra o aborto e a união gay, a favor de armas, de caça, do bom "cowboy").
Os urbanos Obama e McCain dão tratos à bola para tentar formatar um discurso e uma abordagem para a região. Obama tem facilidade para línguas, arranha um "gracias" para herdar a preferência ostensiva por Hillary Clinton e até providenciou um sobrenome indígena: Barack Águia Negra.
Mas McCain, como destaca o especialista em pesquisas qualitativas Brian Sanderoff, tem maior identidade com o gosto e os tipos locais. É do Arizona e, como Bush, pode muito bem usar botas, cintos de vaqueiro e chapelão texano. E, claro, adora armas e caçadas.
Sanderoff acha que McCain tem melhores chances no "western", mas o professor Gabriel Sanchez, da Universidade do Novo México, discorda. Diz que a região é progressista e quer saber de saúde e de educação, por isso o eleitorado democrata vai migrar maciçamente de Hillary para Obama.
Se eles mesmo não se entendem, imagine nós. O certo é que a campanha ainda terá muita emoção e que o Velho Oeste está de volta às telas.


elianec@uol.com.br

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