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ELIANE CANTANHÊDE
Em busca de um "cowboy"
ALBUQUERQUE - A Califórnia é
definitivamente democrata, mas o
Novo México pode ou não ser. Em
2000, Al Gore ganhou de Bush por
menos de 1%. Em 2004, Bush ganhou de John Kerry também por
menos de 1%. E a eleição americana, entre tantas outras peculiaridades, tem essa: ganhe por um ou ganhe por mil, o vencedor leva todos
os votos daquele Estado.
Por isso Obama e McCain elegeram como prioridade Nevada, Colorado e Novo México -onde fica
Albuquerque, boa amostra de toda
a área, com sua paisagem desértica
e imensa presença hispânica.
O Novo México é o quinto Estado
em tamanho, mas o 36º em população (2 milhões). Os hispânicos são
43,3%, os índios, 9,2%, e os negros,
só 1,8%. Os votos latinos são decisivos, mas peculiares: politicamente
liberais, mas comportamentalmente conservadores (contra o aborto e
a união gay, a favor de armas, de caça, do bom "cowboy").
Os urbanos Obama e McCain dão
tratos à bola para tentar formatar
um discurso e uma abordagem para
a região. Obama tem facilidade para
línguas, arranha um "gracias" para
herdar a preferência ostensiva por
Hillary Clinton e até providenciou
um sobrenome indígena: Barack
Águia Negra.
Mas McCain, como destaca o especialista em pesquisas qualitativas
Brian Sanderoff, tem maior identidade com o gosto e os tipos locais. É
do Arizona e, como Bush, pode muito bem usar botas, cintos de vaqueiro e chapelão texano. E, claro, adora
armas e caçadas.
Sanderoff acha que McCain tem
melhores chances no "western",
mas o professor Gabriel Sanchez,
da Universidade do Novo México,
discorda. Diz que a região é progressista e quer saber de saúde e de
educação, por isso o eleitorado democrata vai migrar maciçamente
de Hillary para Obama.
Se eles mesmo não se entendem,
imagine nós. O certo é que a campanha ainda terá muita emoção e que
o Velho Oeste está de volta às telas.
elianec@uol.com.br
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