São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2010

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KENNETH MAXWELL

Um ponto de inflexão?

Na segunda-feira passada, 31 de maio, os EUA celebraram o "Memorial Day". Para muitos, é o primeiro feriado do verão, e as famílias aproveitam para visitar parentes e ir ao campo ou à praia.
O "Memorial Day" também é um dia solene de recordação, dedicado àqueles que deram a vida lutando pelo país.
Originalmente, o feriado era conhecido como "Decoration Day" e celebrava os mais de 600 mil norte-americanos que morreram na Guerra Civil.
O general John A. Logan, que fazia parte das forças de ocupação do sul depois da vitória do norte, viu mulheres decorando com flores os túmulos dos mortos confederados e unionistas.
Como comandante em chefe, em 5 de maio de 1868 ele promulgou a ordem geral nº 11, reservando um dia "ao propósito de enfeitar com flores ou de outra forma decorar os túmulos dos camaradas mortos em defesa de seu país durante a rebelião recentemente enterrada, cujos corpos hoje jazem em cemitérios em quase todas as cidades, aldeias e povoados de nossa terra".
O sul inicialmente não acatou essa iniciativa. Mas, depois da Primeira Guerra Mundial, começou a acontecer uma celebração mais nacional, que reconhecia todos aqueles que morreram em todas as guerras do país desde a Revolução Americana, no século 18.
Em 1971, a última segunda-feira de maio foi designada como feriado nacional para esse fim. A maior cerimônia acontece a cada ano no Cemitério Nacional de Arlington, onde o presidente deposita uma coroa e discursa.
Fora das grandes cidades, o feriado do "Memorial Day" continua a ser um evento local importante, com desfiles de escoteiros e veteranos uniformizados e condecorados, orações, flores, salvas de tiros e toques de silêncio.
Neste ano, porém, o presidente Obama decidiu voltar para casa, em Chicago, para um "feriado". Não compareceu à cerimônia em Arlington, na qual foi representado pelo vice-presidente, Joe Biden. E a visita de Obama para um discurso no Cemitério Nacional Abraham Lincoln, em Illinois, terminou em fiasco. Uma súbita e assustadora tempestade de raios, acompanhada por pesado temporal, forçou o presidente e os presentes a correrem para seus carros.
Muita gente já estava criticando o presidente Obama por não estar em Washington.
Os EUA, afinal, continuam envolvidos em duas guerras.
E tudo isso aconteceu num dia no qual os israelenses atacaram a frota que buscava entregar suprimentos de assistência humanitária à faixa de Gaza e petróleo continuava a jorrar descontroladamente no golfo do México.
Uma combinação de circunstâncias nada auspiciosa.


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI.



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