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CARLOS HEITOR CONY
Massacres e guerras
RIO DE JANEIRO - O recente
massacre de 13 pessoas que teriam
ligações com bandos criminosos,
notadamente o PCC, demonstra
mais uma vez a fragilidade de algumas de nossas instituições mais importantes -a Justiça e a polícia.
A sociedade ainda não encontrou
outras formas de se defender. Assim como os Exércitos defendem as
nações, a polícia defende cidadãos.
E a Justiça defende e aplica os instrumentos legais para manter o
equilíbrio social. Num caso como o
do massacre, não está provado ainda que a polícia agiu corretamente,
aumentando as suspeitas de que há
em São Paulo uma espécie de Esquadrão da Morte para eliminar
não apenas criminosos mas pessoas
que, por um motivo ou outro, desagradam a alguns policiais.
Evidente que a sociedade exige
uma rigorosa apuração dos fatos,
mas desde já estranho que a investigação seja sigilosa. De duas, uma: ou
a polícia agiu preventivamente matando elementos que provocariam
um novo banho de sangue em São
Paulo, ou agiu desastrada e criminosamente, assassinando supostos
malfeitores.
Bem verdade que, nesse caso como em outros, os parentes das vítimas alegam que se tratava de bons
filhos, bons irmãos, bons vizinhos.
A apuração dos fatos, quer da parte
da polícia ou da Justiça, não precisa
apelar para o sigilo, uma vez que o
episódio foi notório, os envolvidos
(passivos e ativos) conhecidos.
O aumento da criminalidade, incluindo o terrorismo internacional,
continua provocando ações ditas
preventivas sem apoio numa realidade que possa ser provada. Num
exemplo exagerado, envolvendo
nações, tivemos o caso da guerra
preventiva de Bush contra o Iraque.
Aplicando o mesmo princípio, a polícia paulista pode ter agido de forma equivalente.
Sabe-se hoje que Bush mentiu. É
preciso provar agora que a policia
também está mentindo.
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