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Desastre
"Imaginei que o desastre que
ocorreu com o choque de dois trens
lá no Rio de Janeiro e que deixou oito mortos e uma centena de feridos
fosse causar a mesma comoção nacional que ocorreu com a tragédia
do Airbus da TAM. No entanto até
agora ninguém viu o movimento
"Cansei" convocar a nação para um
minuto de silêncio em solidariedade aos familiares das vítimas e muito menos a indignação de Hebe Camargo, Regina Duarte, Ivete Sangalo e Ana Maria Braga. Também não
se tem notícia de que os atletas de
todas as modalidades esportivas da
nação vão atuar nas competições
com tarja negra no braço, e até agora o presidente da República não
decretou luto de três dias no país.
Não estou criticando as homenagens que acertadamente fizeram às
vítimas do Airbus. Mas, a partir do
momento em que os gestos não se
repetem com as vítimas do desastre
no Rio, talvez por serem eles pobres
e negros, comprova-se a tese que
até na hora da morte o Brasil se divide em Casagrande e Senzala."
PEDRO VALENTIM (Bauru, SP)
Janio
"Desencantada com a situação
política em nosso país, deixei de ler
jornais e de assistir aos noticiários
engajados da TV. Mas tive novo
alento ao ler, por indicação de meu
filho, as colunas de Janio de Freitas,
cujos textos, revelando uma singular agudeza de visão, demonstram
séria e profunda preocupação e suscitam questões que escapam à
maioria dos analistas. A seqüência
"Além da corrupção" (23/8), "Os propósitos reais" (28/8) e "O lado deprimente" (30/8) mereceria uma republicação, em uma mesma página,
pois aborda com profundidade o
problema maior que oprime e envergonha o Brasil: a improbidade
dominante na nossa classe política,
prenúncio de um sombrio futuro."
ZENILDA NUNES LINS (Florianópolis, SC)
Lula
"Sr. presidente, peço-lhe que, a
partir de hoje, considere extintos os
fiapos de apoio que lhe prestava a
partir da outorga dada ainda no primeiro mandato -e apenas nesse-
para me representar no governo do
país. Não o considero capaz de dirigir os destinos da nação após ouvi-lo dizer ser o seu partido político o
campeão da ética e da moralidade."
CARLOS BRUNI FERNANDES (São Paulo, SP)
São Paulo
"As páginas do jornal estão saturadas de notícias sobre o julgamento do STF e do caso Renan: isto está
monopolizando a mídia, que parece
eleger Brasília como o único problema sério do país. Aqui, no mais
rico Estado da Federação, as coisas
continuam péssimas, mas isto não
parece render "ibope". A educação
chafurdou, a saúde é uma piada, o
trânsito está cada dia mais perigoso. Duzentas pessoas morreram no
acidente da TAM, mas quantos
morrem nesta cidade a cada dia?
Adolescentes se matam às dezenas
todos os dias, pessoas morrem nas
filas dos hospitais, as polícias se
confundem com a bandidagem,
educadores são agredidos por alunos. A imprensa independente deveria olhar mais por nossa cidade e
nosso Estado. Há muitos jornais
olhando só para Versalhes. Chega!"
MARA CHAGAS (São Paulo, SP)
Importações
"Leio na Folha que o governo estuda cortar tarifas de importação
de alimentos para controlar os preços. Isto já deveria ter sido feito há
muito tempo, principalmente em
relação ao leite e derivados, que aumentaram cerca de 50% de janeiro
para cá. Há dois anos um litro de
leite longa vida custava pouco mais
de R$ 1 e agora está em R$ 2,30. O
mesmo aconteceu com o arroz, cujo preço caiu 50% com a abertura
das importações há três anos. O governo vem demorando a agir."
PAULO SERODIO (São Paulo, SP)
Vale do Rio Doce
"Parabéns ao professor Fábio
Konder Comparato por alertar o
país sobre o crime de lesa-pátria cometido com a "entrega" da Companhia Vale do Rio Doce para a iniciativa privada. Que o Ministério Público Federal apure com a mesma
veemência o crime denunciado
nesta Folha, e que a mídia cubra as
investigações com o mesmo espaço
e empenho com que o faz na caso
do mensalão, a começar pelos políticos responsáveis por esse ato."
RENATO AFONSO GONÇALVES (São Paulo, SP)
Estudantes
"É temerária a matéria veiculada
em Cotidiano sob o título "Impeachment no XI de Agosto passa
na 1ª assembléia".
Ao contrário do que anuncia o título da matéria,
não foi realizada uma assembléia
geral na Faculdade de Direito do
Largo São Francisco.
O Centro Acadêmico XI de Agosto é uma entidade jurídica submetida a um estatuto e ao ordenamento jurídico vigente, de forma que a convocação
de assembléia geral deve atender a
requisitos legais específicos, o que
não ocorreu. Houve de fato um ato
político-estudantil com o apoio do
diretor João Grandino Rodas, que
concedeu para a realização deste o
salão nobre da faculdade, usualmente utilizado para grandes eventos internacionais e oficiais da faculdade, dispensando as aulas e disponibilizando a guarda universitária da Universidade de São Paulo
para controlar a entrada e saída de
alunos da reunião, exigindo a apresentação da carteirinha da USP.
O diretor vem mantendo uma
postura de ingerência na política
estudantil da Faculdade de Direito,
desde que este Centro Acadêmico,
com o apoio de grandes juristas como o ministro do STF Eros Grau, o
prof. Fábio Konder Comparato e
intelectuais renomados como Marilena Chaui, Aziz Ab'Saber e Marcos Nobre, repudiou a conduta do
diretor em requerer a invasão da
tropa de choque da polícia militar
no território livre da São Francisco
para proceder à desocupação forçada de estudantes e integrantes de
movimentos sociais diversos."
MARINA ZANATTA GANZAROLLI , diretora do Centro
Acadêmico XI de Agosto (São Paulo, SP)
Bebida
"O artigo do jornalista Ruy Castro ("Ronda" às três da manhã, 27/
8), não no que tem de opinativo,
mas no que cita como fatos, merece
algumas considerações. Outra pesquisa recente da Unifesp e patrocinada pela mesma instituição de governo, a Secretaria Nacional Antidrogas (e não o Ministério da Saúde, como citado no artigo), desmente que os brasileiros estejam bebendo de forma mais abusiva do que no
passado, assim como o fato de nossas crianças e adolescentes estarem
começando a beber cada vez mais
cedo. O estudo também contradiz a
informação de que o percentual de
brasileiros que bebem de forma
abusiva seja maior do que os dados
informados sobre outros países.
A comparação das diferenças entre as duas pesquisas é dificultada
pela estratégia de divulgação adotada pelas autoridades: num primeiro
momento são abertos apenas dados
preliminares que interessam às
suas teses. Só após estes estarem
consolidados na opinião pública, a
íntegra é publicada, como ocorreu
com o 2º Levantamento Domiciliar
Sobre Uso de Drogas no Brasil (Cebrid/Unifesp). A divergência entre
os resultados decorre de um fato
simples: a primeira pesquisa foi
realizada para o entendimento de
um problema, o uso abusivo de drogas e álcool, com o intuito de propor
soluções. O estudo citado no artigo
tem um objetivo mais direto: justificar medidas de proibição de propaganda de cervejas como, inclusive, tem sido reportado pelos jornalistas que se ocuparam da divulgação dos dados anteriores."
MARCOS MESQUITA , superintendente do Sindicato
Nacional da Indústria da Cerveja (São Paulo, SP)
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