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INTERNET À CHINESA
A China , malgrado seu desempenho econômico, permanece
uma ditadura brutal que, entre outras atitudes, censura sem nenhuma
cerimônia. Na mais recente regulamentação sobre a internet que baixou para os sites noticiosos que pretendam atuar no país, o governo foi
explícito: "O Estado proíbe a divulgação de quaisquer notícias cujo
conteúdo seja contrário à segurança
nacional ou ao interesse público".
Mas a história conspira contra as
autoridades chinesas. No caso da difusão de idéias, avanços tecnológicos favorecem a liberdade. A escrita
tornou possível remeter pensamentos e propostas para além da presença física de seu autor. Com a tipografia, panfletos podiam ser copiados
em quantidades industriais, atingindo números inéditos de leitores.
Com o rádio e a TV, as escalas passaram a ser de milhões de pessoas.
O panorama não é diferente com a
internet. Tende a ser ainda mais dramático. Na rede mundial de computadores, são incertas até mesmo as
fronteiras entre nações. O próprio
conceito de jurisdição deixa de fazer
sentido. Textos e imagens considerados criminosos num país podem
perfeitamente ser colocados na internet através de um provedor com sede
numa nação onde a proibição não
exista. Usuários do país de origem
podem de seus computadores acessar a obra "no estrangeiro". É claro
que as autoridades sempre poderão
considerar crime a simples busca pela informação censurada, mas essa é
uma atitude mais difícil de reprimir,
sobretudo num país de 1,3 bilhão de
habitantes como o é a China.
O que deve representar um dilema
ainda mais duro para as autoridades
de Pequim é o fato de que, para prosseguir em sua rota de crescimento
econômico, elas simplesmente não
podem prescindir da rede, que está
se tornando um veículo indispensável para fazer negócios e desenvolver
ciência e novas tecnologias. Ao que
tudo indica, é uma iniciativa fadada
ao fracasso a de manter a população
longe de "idéias subversivas".
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