São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2005

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INTERNET À CHINESA

A China , malgrado seu desempenho econômico, permanece uma ditadura brutal que, entre outras atitudes, censura sem nenhuma cerimônia. Na mais recente regulamentação sobre a internet que baixou para os sites noticiosos que pretendam atuar no país, o governo foi explícito: "O Estado proíbe a divulgação de quaisquer notícias cujo conteúdo seja contrário à segurança nacional ou ao interesse público".
Mas a história conspira contra as autoridades chinesas. No caso da difusão de idéias, avanços tecnológicos favorecem a liberdade. A escrita tornou possível remeter pensamentos e propostas para além da presença física de seu autor. Com a tipografia, panfletos podiam ser copiados em quantidades industriais, atingindo números inéditos de leitores. Com o rádio e a TV, as escalas passaram a ser de milhões de pessoas.
O panorama não é diferente com a internet. Tende a ser ainda mais dramático. Na rede mundial de computadores, são incertas até mesmo as fronteiras entre nações. O próprio conceito de jurisdição deixa de fazer sentido. Textos e imagens considerados criminosos num país podem perfeitamente ser colocados na internet através de um provedor com sede numa nação onde a proibição não exista. Usuários do país de origem podem de seus computadores acessar a obra "no estrangeiro". É claro que as autoridades sempre poderão considerar crime a simples busca pela informação censurada, mas essa é uma atitude mais difícil de reprimir, sobretudo num país de 1,3 bilhão de habitantes como o é a China.
O que deve representar um dilema ainda mais duro para as autoridades de Pequim é o fato de que, para prosseguir em sua rota de crescimento econômico, elas simplesmente não podem prescindir da rede, que está se tornando um veículo indispensável para fazer negócios e desenvolver ciência e novas tecnologias. Ao que tudo indica, é uma iniciativa fadada ao fracasso a de manter a população longe de "idéias subversivas".

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