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São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Coragem
"É muito bom ver um presidente da República cheio de energia e destilando coragem aos quatro ventos, prometendo fazer tudo o que nenhum outro governante jamais fez por -no entender dele- falta de coragem. Se o problema é coragem, espero que Lula e o seu partido a tenham para manter a linha de coerência que sempre norteou as ações do PT. Espero que deixem de renegar bandeiras históricas do partido tão-somente para agradar ao sensível mercado e angariar a simpatia do sistema financeiro internacional. Se a questão é coragem, quero que o senhor Lula tenha coragem de lutar, realmente, pelas reformas que importam ao país, ou seja, pela reforma política e por uma reforma tributária decente, e não esse projeto dúbio que ora tramita no Congresso -em que o que mais se discute é quem vai ficar com o quê, enquanto se deixa de lado a redução da carga tributária sobre o sistema produtivo e sobre o cidadão. Tenha coragem, presidente, promova as reformas de que o país realmente necessita."
Floro Sant'ana de Andrade Neto (Maceió, AL)

Situação
"A Folha está de parabéns por ter um colunista com a sensibilidade social, a independência política e a estatura ética de Janio de Freitas. Seus artigos nos últimos domingos têm avaliado com absoluta exatidão a situação atual do país, em que sobressaem as contradições e bravatas do governo."
Hugo Sérgio Urquiza de Castro (Rio de Janeiro, RJ)

Cidades
"As grandes cidades são realmente fascinantes, mas desumanas para grande parte da população. Antes não existissem! Mas e as que existem? Como humanizar, por exemplo, a zona leste de São Paulo? Como torná-la auto-suficiente em termos de emprego, de habitação, de educação e de cultura, e não mais um simples bairro dormitório? Com grandes avenidas, com vias expressas de interligação que servem para o transporte individual? A prioridade deveria ser o transporte de massa -metrô e trens suburbanos. A verticalização só deveria ser admissível para que se ganhasse espaço para fazer parques arborizados, que tivessem escolas, áreas de lazer e de esporte e pequeno centro comercial."
Armando Julio Bittencourt, consultor em engenharia ambiental (São Paulo, SP)

Ideal a ser alcançado
"Não é pelo fato de haver o ritual das eleições que há democracia. Democracia existe quando o povo tem o controle sobre os Poderes que o representam, e não o contrário, como ocorre. Na verdade, tal forma de governo é também uma ditadura. Num país em que o povo não tem controle sobre o Estado, democracia ainda é um ideal a ser alcançado. Essa pseudodemocracia não é um regime de homens livres, mas, sim, um regime de escravidão, pois condena a maioria da população à escravidão econômica, que tem consequências piores do que a das guerras. Um sistema de governo, por se auto-rotular democrático, não deve ter o direito de pôr em caos o país e de arruinar o povo."
Leonardo José Baudino (Recife, PE)

Bolívia
"O senhor Jeffrey Sachs, no artigo "O que significa o caos da Bolívia" (Mundo, pág. A28, 2/11), em que pretendeu interpretar a crise na Bolívia, esqueceu-se do seguinte: a) de fazer um mea-culpa pela crise atual naquele país, resultado de dez anos de políticas neoliberais, as quais foram elaboradas por ele próprio no início da década de 1990, quando os mercados o consideravam um grande guru da estabilização econômica; b) de dizer que o ex-presidente Sánchez de Lozada, considerado por ele como "um líder que ajudou a levar ao país a democracia", refugiou-se nos EUA, país onde estudou e onde aprendeu, à guisa da maioria dos líderes latino-americanos, tudo o que pôs em prática nos anos em que foi presidente da República, aprofundando a miséria, a desesperança e o martírio do povo boliviano."
Ricardo Balistiero, economista (São Bernardo do Campo, SP)

Mitos
"No dia 31/10, milhões de brasileiros, submissamente, festejaram o Dia das Bruxas, fazendo questão de chamá-lo como mandam os norte-americanos: ralouim Nada tenho contra os mitos de outros países nem contra a cultura de qualquer país, mas tudo tenho contra a dominação e a colonização cultural. Portanto, que se danem as bruxas do Halloween, que se danem as fadas, os gnomos. Que se danem os mitos imperialistas e, principalmente, os que se submetem alegremente a eles. Viva o saci! Viva a iara! Viva o curupira! Viva o boitatá!"
Mouzar Benedito, sócio-fundador da Sosaci -Sociedade dos Observadores de Saci (São Paulo, SP)

Cerveja
"Veio-me uma dúvida ao ler a carta da gerente de comunicação da AmBev ("Painel do Leitor", 31/10). Quais são as ações efetivas que a AmBev vem aplicando contra a venda de bebidas alcoólicas a menores de idade? Eu bebo cerveja há 20 anos -comecei com dez anos, numa quermesse em uma escola estadual. Conheço alguns usuários de maconha e, desses, nenhum atropelou ou matou alguém por estar sob o efeito da droga. Num ponto ela tem razão: não dá para comparar uma coisa com a outra!."
Luís Rogério Gomes Zanuto (Ourinhos, SP)

Transporte
"Parabenizo os repórteres Alencar Izidoro e Aureliano Biancarelli pela reportagem "Estado reduz passe livre a doentes" (Cotidiano, 29/10), por meio da qual conseguiram explicar e transmitir com fidelidade o objetivo da resolução que trata da concessão de gratuidade aos portadores de deficiência no transporte coletivo metropolitano. No entanto gostaria de registrar também que, infelizmente, não é possível fazer o mesmo comentário em relação ao título da reportagem, que, no meu entender, transmite a idéia equivocada de que o Estado esteja cometendo uma injustiça. Pelo contrário. Por meio da resolução, pretendemos ter um controle maior para preservar o direito daqueles que realmente são portadores de deficiência que comprometa a capacidade ao trabalho. Da forma como estava a resolução anterior, o benefício era concedido sem um critério justo. Assim, pessoas com calvície, por exemplo, conseguiam a isenção tarifária."
Jurandir Fernandes, secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos (São Paulo, SP)

Precatórios
"Agradeço a presença do senhor Rafael Jonatan Marcatto neste "Painel do Leitor", em que tratou de precatórios. Depois de 15 anos à espera de uma sentença com ganho de causa sobre o Estado de São Paulo, descobri que o Estado não paga precatórios há cinco anos. Meus advogados dizem que não podem mais fazer nada a não ser penhorar bens do Estado. Mas é claro que isso não vai acontecer, dizem eles. Mas com o particular acontece. Não há democracia neste país."
Cláudia Banho (São Paulo, SP)



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