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Inclusão na USP
O PROGRAMA da USP de distribuição de bolsas de estudo a alunos carentes é
uma iniciativa oportuna. De início, serão concedidos 800 estipêndios no valor de R$ 330 mensais para alunos com renda familiar de até R$ 1.500.
Todo sistema de seleção implica exclusão, mas não há nada
mais cruel do que apanhar um
estudante pobre que conseguiu
ser aprovado no disputado vestibular da USP e, na prática, impedi-lo de cursar a universidade
por não ter como arcar com despesas como transporte e alimentação. É essa situação que as bolsas visam a corrigir. O programa,
porém, é incipiente. Estima-se
que 40% dos 10 mil ingressantes
na USP em 2006 estejam em
condições de receber o benefício.
O mais importante, porém, é
que programas de bolsas como
esse não são uma iniciativa isolada. Eles estão previstos numa diretriz mais abrangente de inclusão batizada de Inclusp, que
prognostica várias medidas.
Existem iniciativas interessantes e que não se limitam aos alunos que conseguiram passar no
vestibular. Há, além do apoio aos
estudantes, ações voltadas para
escolas públicas e modificações
no próprio sistema de seleção.
Merece destaque a proposta de
avaliação seriada, pela qual alunos de escolas que aderirem ao
sistema serão submetidos a provas aplicadas pela USP ao final de
cada série do ensino médio. As
notas obtidas serão ponderadas
e agregadas ao resultado do vestibular. É um modo inteligente
de valorizar a história acadêmica
do aluno e não apenas um instante, como se dá na Fuvest.
É importante que uma instituição como a USP procure combater os efeitos mais perversos
da desigualdade social. É fundamental que o faça valorizando ao
máximo a excelência acadêmica
-razão de ser de uma universidade. O Inclusp procura servir a
esse duplo propósito.
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