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São Paulo, sábado, 03 de novembro de 2007

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A "invasão" espanhola

A AÇÃO agressiva de companhias espanholas no Brasil tem sido motivo de reclamação por parte de setores do empresariado brasileiro. Queixam-se de que as condições de competição são muito desvantajosas para os empreendedores nacionais. Têm razão -se o seu objetivo é fazer andar mais rapidamente a grande agenda da competitividade no país.
O Santander se tornou o segundo maior banco privado do país; a OHL Concessiones, a maior concessionária de estradas, após ter arrematado cinco dos sete lotes do último leilão federal. A Telefónica comprou a operadora de celular TIM.
Em 1986, a Espanha integrou-se à Comunidade Econômica Européia e recebeu apoio para enfrentar seus graves problemas de infra-estrutura. Estima-se que tenha recebido cerca de 1% de seu PIB, a fundo perdido, por ano. O país soube aproveitar a ajuda. De 1997 a 2006, apresentou taxa de crescimento de 3,8% ao ano, contra a média de 2,9% na área do euro. Todos os seus indicadores macroeconômicos melhoraram substancialmente.
O Estado espanhol passou a apoiar a criação de empresas multinacionais, por meio de incentivos fiscais. Há descontos no Imposto de Renda para aquisições de empresas em outros países, amortização do ágio em até 20 anos, auxílio para despesas iniciais e desenvolvimento de projetos no exterior etc.
Os empresários brasileiros se queixaram das desvantagens competitivas com os espanhóis, sobretudo em termos tributários e de acesso a recursos financeiros mais baratos. Desse ponto de vista estão corretos. O ambiente dos negócios no Brasil avançou nos últimos anos, mas a infra-estrutura é precária, a carga tributária, elevada, as taxas de juros reais, altíssimas, a mão-de-obra, pouco qualificada.
Mas o acirramento da concorrência promovido pelas empresas estrangeiras, desde que cumpridas as normas locais e globais de concorrência, traz algo mais do que a explicitação das deficiências nacionais. Esse fenômeno impulsiona ganhos de competitividade nas companhias brasileiras. O beneficiário desse processo é o consumidor, que tem acesso a produtos e serviços com mais qualidade, a preço menor.


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