São Paulo, terça-feira, 03 de dezembro de 2002

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VIOLÊNCIA E MORTE

Dados do IBGE sobre mortalidade divulgados ontem indicam que a violência está diminuindo significativamente a esperança de vida masculina no Brasil. As mulheres já vivem 7,8 anos mais do que os homens. Enquanto a esperança de vida do brasileiro nascido em 2001 é de 65,1 anos, a da brasileira é de 72,9 anos. Essa é, até certo ponto, uma tendência natural. Mulheres vivem em média mais do que homens, e essa propensão é especialmente forte nos países desenvolvidos.
De acordo com a ONU, na média das regiões mais desenvolvidas, a mulher vive 7,5 anos mais do que os homens. Nas regiões mais pobres, a diferença é de apenas, 3,1 anos. Esse fenômeno tem muitas causas, mas uma das mais importantes é o fato de que doenças típicas da pobreza (como as infecto-parasitárias) matam igualmente homens e mulheres. Já as principais causas de morte nos países ricos (moléstias do coração, cânceres) afetam em maior grau a população masculina.
O problema do Brasil é que a diferença em favor das mulheres ocorre em larga medida por causa da violência. Na faixa etária dos 20 aos 29 anos, por exemplo, a mortalidade masculina é três vezes maior do que a feminina. A principal razão para isso está nas chamadas mortes por causas externas, que são homicídios, acidentes de trânsito, suicídios, quedas acidentais, afogamentos etc. Entre 1980 e 2001, cerca de 1,9 milhão de brasileiros de ambos os sexos perdeu a vida em virtude de causas externas, que são catalogadas nas estatísticas médicas como "mortes evitáveis". Desse total, 1,57 milhão eram homens e 0,33 milhão, mulheres.
Não resta dúvida de que precisamos atuar com firmeza para evitar esse tipo de óbito. É claro que alguns fatores de morte, como os assassinatos perpetrados pelo crime organizado, são especialmente difíceis de combater, mas existem outros, como o trânsito, nos quais o real empenho das autoridades pode fazer uma grande diferença. O Brasil não pode dar-se ao luxo de perder mais de 90 mil vidas por ano para a violência.


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