|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIOLÊNCIA E MORTE
Dados do IBGE sobre mortalidade divulgados ontem indicam que a violência está diminuindo
significativamente a esperança de vida masculina no Brasil. As mulheres
já vivem 7,8 anos mais do que os homens. Enquanto a esperança de vida
do brasileiro nascido em 2001 é de
65,1 anos, a da brasileira é de 72,9
anos. Essa é, até certo ponto, uma
tendência natural. Mulheres vivem
em média mais do que homens, e essa propensão é especialmente forte
nos países desenvolvidos.
De acordo com a ONU, na média
das regiões mais desenvolvidas, a
mulher vive 7,5 anos mais do que os
homens. Nas regiões mais pobres, a
diferença é de apenas, 3,1 anos. Esse
fenômeno tem muitas causas, mas
uma das mais importantes é o fato de
que doenças típicas da pobreza (como as infecto-parasitárias) matam
igualmente homens e mulheres. Já
as principais causas de morte nos
países ricos (moléstias do coração,
cânceres) afetam em maior grau a
população masculina.
O problema do Brasil é que a diferença em favor das mulheres ocorre
em larga medida por causa da violência. Na faixa etária dos 20 aos 29
anos, por exemplo, a mortalidade
masculina é três vezes maior do que
a feminina. A principal razão para isso está nas chamadas mortes por
causas externas, que são homicídios,
acidentes de trânsito, suicídios, quedas acidentais, afogamentos etc. Entre 1980 e 2001, cerca de 1,9 milhão de
brasileiros de ambos os sexos perdeu
a vida em virtude de causas externas,
que são catalogadas nas estatísticas
médicas como "mortes evitáveis".
Desse total, 1,57 milhão eram homens e 0,33 milhão, mulheres.
Não resta dúvida de que precisamos atuar com firmeza para evitar
esse tipo de óbito. É claro que alguns
fatores de morte, como os assassinatos perpetrados pelo crime organizado, são especialmente difíceis de
combater, mas existem outros, como o trânsito, nos quais o real empenho das autoridades pode fazer uma
grande diferença. O Brasil não pode
dar-se ao luxo de perder mais de 90
mil vidas por ano para a violência.
Texto Anterior: Editoriais: MERCOSUL MENOR Próximo Texto: Editoriais: BANCOS NACIONAIS Índice
|