|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUY CASTRO
Nova babá eletrônica
RIO DE JANEIRO - Uma dona-de-casa americana, Lori Drew, 49,
está sendo acusada de ter inventado
um personagem no site MySpace
para se corresponder com uma vizinha adolescente, Megan, 13. O trote
teve fim trágico. O personagem seria um "rapaz de 16 anos". Depois
de se tornar amigo virtual de Megan, o "rapaz" brigou com a garota e
disse que o mundo "ficaria melhor
sem ela". Megan se matou.
No Rio, outro dia, um homem foi
preso ao chantagear uma menina
também de 13 anos, de quem se
aproximou fazendo passar-se no
Orkut por uma colega dela. Confiante na "amiga", a garota deixava-se filmar. O homem adulterou as
imagens, transformando-as em
pornografia, e transmitiu-as para
os colegas da menina quando esta
se recusou a se encontrar com ele.
Por sorte, ela contou tudo à mãe,
que chamou a polícia.
Nos primeiros seis meses do ano,
uma ONG que investiga denúncias
do gênero flagrou 45.941 páginas
com conteúdo de pedofilia no Orkut. Podem ter sido retiradas do ar,
mas foram logo substituídas por
outras, que, por algum tempo, continuaram ao alcance de qualquer
menor armado de um mouse.
No passado, a babá eletrônica era
a televisão. Hoje é a internet. Crianças de menos de dez anos passam o
dia encafuadas em seus quartos,
trocando mensagens e imagens
com pessoas que seus pais não conhecem e que podem não ser suas
coleguinhas de escola. Ao criar um
precoce canal de comunicação com
o mundo, a criança começa a correr
todos os riscos inerentes.
O lar já não é garantia de proteção. O perigo vem pelo ciberespaço
e passa por entre as pernas dos responsáveis (muitos pais nem sabem
o que é o Orkut). Existem filtros para tentar controlar esse contágio,
mas não seria má idéia se os computadores dos guris ficassem na sala,
com as telas à vista dos adultos.
Texto Anterior: Brasília - Fernando Rodrigues: Uma empulhação no Congresso Próximo Texto: Antonio Delfim Netto: Reforma tributária Índice
|